A socialite Lourdes Catão morreu no Rio de Janeiro, vítima do coronavírus, aos 93 anos neste domingo (10).
A vida de Lourdes é descrita como cinematográfica por colunistas.
Ela frequentou as mais badaladas festas da sociedade brasileira ao lado do marido, o empresário Álvaro Catão, nas décadas de 1950 e 1960. Quando isso ainda era tabu, em 1972, Lourdes se divorciou para viver uma paixão pelo playboy francês Gaubin-Daudé.
Viveu com ele em Paris e Nova York, onde decidiu permanecer após a separação. Antes do seu retorno ao Rio, chocou o high society com uma revelação.
Depois da morte de Álvaro, no fim dos anos de 90, e do irmão dele, Francisco, em 2001, contou que Álvaro Luiz era filho do cunhado e não de seu ex-marido.
Assumiu a autoria da obra Sociedade Brasileira, uma espécie de guia da aristocracia do Rio de Janeiro que começou a ser publicado nos anos de 1950.
“A imagem da socialite fútil e inútil também não se aplicava a ela. Ao se separar de seu marido, o industrial Alvaro Catão, em 1970, foi para Nova York e se tornou uma disputada decoradora. Comprava apartamentos, reformava-os, dava-lhes seu toque de bom gosto —herança de várias gerações que a antecederam— e os revendia”, escreveu Ruy Castro.
O falecimento viralizou nas redes sociais por conta de um perfil no Facebook que a mostrava como bolsonarista e negacionista do isolamento social na pandemia de coronavírus.
Em um post, afirmava “aqui contam até os que não morrem”, sobre os óbitos da Covid-19 no Brasil em comparação com a China.
“Se máscaras funcionam, então por que é necessário fechar o comércio?”.
Todos esses posts que chegaram até 300 curtidas e o perfil são falsos. A fraude foi relatada por Roberto Catão, neto de Lourdes, ao DCM.
O perfil foi retirado do ar após a repercussão.
Roberto explica que a avó não se envolveu em política desde meados de 2010, quando passou dos 80 anos e viveu mais reclusa.
“Havia um perfil com menos fotos e amigos em comum, que era o dela. Esse outro perfil alucinado postou coisas inclusive no dia que ela estava internada, antes de morrer. Havia posts no sábado. Ela morreu no domingo”, frisou.
“Essa pessoa provavelmente pegou informações dela para não ser responsabilizada pelo que postou na internet”, diz Roberto.
O neto diz que se entristeceu com os comentários nesse perfil falso.
“Você deve ter visto os comentários. Foi uma coisa desumana. Pessoas que não a conheceram falando ‘bem feito’, ‘teve o que mereceu’. Se bem que nem dá para culpar os comentaristas. O autor desse perfil já deve ter encontrado outra velhinha para se aproveitar”, afirma.
Na manhã de 11 de maio, o perfil fake ainda estava no ar, com posts provocativos e imagens da socialite que fez história no Rio de Janeiro e no Brasil.
Na noite do mesmo dia, já estava fora do ar.