Guedes, a face depressiva do governo, fugiu da rampa do Planalto. Por Moisés Mendes

Atualizado em 18 de maio de 2020 às 8:30
Paulo Guedes, ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro Foto: Mauro Pimentel / AFP

Seria divertido ver Paulo Guedes na rampa do Palácio do Planalto, no grupo de 11 ministros (seriam 12 com ele), acenando para os golpistas que se aglomeraram ontem de novo por ali.

Guedes, o homem do mercado, o liberal, o cara que ainda não completou o serviço para os bancos, participando de um ato de fascistas que cantam musiquinhas para a cloroquina.

Guedes já deu declarações simpáticas ao AI-5, para fazer média com os filhos de Bolsonaro, mas nunca se expõe em atos como esse. Esse recato talvez explique por que não apareceu ontem ao lado do chefe.

O ministro teve um embate recente com os militares, que tentaram passar a perna no seu projeto de radicalização liberal e anunciaram o Pró-Brasil.

Guedes reagiu e mandaram Braga Netto se aquietar com seu plano de desenvolvimento acionado com recursos públicos.

Mas nem Guedes e nem Braga Betto, pai do Pró-Brasil, estavam na manifestação na rampa. E Braga Netto seria o grande gestor, a pilastra que ainda segura o que sobra de desgoverno.

Seria bom ver Paulo Guedes na rampa, meio desajeitado, quem sabe abraçado a Onyx Lorenzoni, com aqueles tênis que parecem meias, com sua máscara no queixo e a cara de quem não sabe se irá sobreviver.

Guedes é a face depressiva do governo, meio sem forças. Esperaram muito dele e ele não pode dar o que não tem. É o cara que, se descesse a rampa, talvez depois não conseguisse subir de volta.