Quem são os gaúchos que estão pondo fascistas para correr. Por Donato

Atualizado em 18 de maio de 2020 às 17:49

Na tarde de ontem, mais uma manifestação de adoradores da morte, de carregadores de caixões funerários com dancinhas medonhas e palavras de ordem embebidas no mais repulsivo nacionalismo – aquele com coloração fascistóide – estava marcada para ocorrer no centro de Porto Alegre.

A exemplo do que vem acontecendo todos os finais de semana também em São Paulo, Rio ou Brasília, os uniformizados de verde-amarelo iriam exigir o fechamento do STF, o fim do isolamento social e a prescrição da cloroquina, entre outras sandices.

Deu ruim.

Um grupo antifascista que já vem se arriscando à exposição do contágio em plena pandemia novamente foi às ruas para fazer o contraponto necessário. E dessa vez, a manifestação bolsonarista enrolou as bandeiras e abortou a missão.

Vitória da democracia.

No dia 3 de maio, naquele mesmo local (em frente ao Comando Militar Sul), o embate entre os dois grupos terminou em confronto e alguns ativistas antifascistas foram detidos e levados para o 9ª Batalhão da Brigada Militar, acusados por lesões corporais.

Dessa vez os minions valentões que batem em mulher nem apareceram, escolheram não apanhar. Inteligentes uma vez na vida.

Procurado pelo DCM, um dos representantes declarou não ter havido consenso entre o grupo para darem maiores esclarecimentos sobre identidade ou ações futuras. Afirmou apenas tratar-se de um grupo autônomo, sem vínculos com nenhuma torcida de clube ou qualquer outra bandeira.

Atitudes como a dos gaúchos ou como a dos corintianos em SP precisam servir como ignição para um basta a essas manifestações criminosas de bolsonaristas que são céticos ao vírus.

Está na hora de todos somarmos a eles. Até quando as pessoas serão obrigadas a cumprir com o bom senso, as regras e o sacrifício do isolamento social enquanto um bando de canalhas sai às ruas adiando cada vez mais o retorno a normalidade?

Chega de passividade. Esses grupelhos inconsequentes são formados por covardes que desaparecerão assim que colocarmos o pé na rua. Quem não se lembra do minion gritando “paiêêêê” ao ser detido pela polícia? Essa é a coragem dessa turma, semelhante a de seu “mito”.

Nossa passividade também será cobrada pela história, pois milhares de pessoas continuam morrendo. Um manifesto dos fundadores e representantes da Comissão Arns foi publicado hoje. Destaco um trecho:

“Como alertaram os cientistas, a Covid-19 encontraria no Brasil campo fértil para o seu alastramento: um país-continente com enorme desigualdade social e concentração de renda, sistema de saúde fragilizado por cortes e tetos orçamentários, saneamento básico precário, milhões de brasileiros vivendo em bairros, comunidades e distritos sem infraestrutura, sucateamento da educação pública, desemprego na casa das 13 milhões de pessoas e uma economia estagnada. Acrescente-se a esse quadro as características próprias da atual pandemia – um vírus com alta velocidade de transmissão e sintomatologia grave, para o qual ainda não há remédio ou vacina eficazes.”

O que os cientistas não contavam, é que aqui ainda teria o adicional de um bando de idiotas negacionistas.

Todo apoio aos grupos que estão indo para o enfrentamento. Precisamos nos juntar a eles.