Após retirada de Freixo, esquerda procura nome para disputar a prefeitura do Rio. Por Eduardo Maretti

Atualizado em 18 de maio de 2020 às 20:49
Freixo

Publicado originalmente na Rede Brasil Atual:

Por Eduardo Maretti

Após o deputado federal Marcelo Freixo (Psol) desistir de sua candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro, na sexta-feira (15), a esquerda está à procura de um candidato competitivo na capital fluminense, embora nem todos os partidos progressistas concordem com um candidato único. Ao retirar sua candidatura, Freixo fez um apelo por unidade. Segundo ele, a união dos partidos de oposição ao governo federal é fundamental em todo o país para enfrentar a ameaça do fascismo.

“Abro mão (da candidatura) porque qual é o sentido de uma esquerda dividida? Por que PSB e PDT não aceitam dialogar com o PT? Por que essa divisão diante da instalação do fascismo no Brasil? O fascismo não é uma tese, é uma prática. Está sendo colocado em prática no Brasil”, disse, em vídeo publicado no fim de semana. “Estou retirando o meu nome para que a gente construa uma alternativa de unidade para a defesa da democracia. Não pode ter projeto pessoal acima da defesa da democracia”, acrescentou Freixo.

Para o deputado, a gravidade da situação do país não  permite que o campo progressista ignore a necessidade de unidade, contra projetos pessoais ou partidários. “O que está em risco é a democracia, são nossas vidas. Bolsonaro pode perfeitamente aplicar um golpe, promover estado de sítio.”

Membro do diretório nacional do PT e diretor da Fundação Perseu Abramo, Alberto Cantalice, do Rio, afirma que seu partido concorda com o “chamamento à unidade” do deputado do Psol e considera “ruim”o desfecho do processo, com a retirada da candidatura. “Freixo seria um candidato extremamente competitivo para chegar ao segundo turno. Mas o chamamento pela unidade não tem surtido eleito.”

O dirigente lembra que o PT já estava praticamente fechado com o nome de Freixo. “Nenhum outro partido do campo progressista tinha sinalizado a perspectiva de fazer uma aliança, e tivemos um desfecho ruim”, afirma.

Apoios

Freixo agradeceu o apoio que recebeu, no fim de semana, de lideranças de posições políticas diferentes, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad também postou mensagem dirigida ao deputado.

“Tenho profundo respeito e admiração política pelo @MarceloFreixo e sei o que ele e sua família enfrentam no Rio de Janeiro. E essa coragem tem muito valor para mim. Seguimos juntos na luta contra o fascismo, companheiro”, postou Lula.

“O PT estava pronto a oferecer apoio à candidatura de @MarceloFreixo à prefeitura do RJ, como acontece em Porto Alegre, com @ManuelaDavila. Espero que os progressistas estejam unidos em torno de um nome que nos coloque no 2° turno para derrotar o atraso!”, escreveu o ex-prefeito.

O presidente da Câmara também falou em respeito. “Eu e @MarceloFreixo pensamos de forma diferente em vários aspectos, mas as diferenças nunca foram obstáculos para o diálogo. Respeito muito a história do deputado”, escreveu.

Na mensagem que foi ao ar no fim de semana, Freixo também mencionou “as diferenças” entre ele e o presidente da Câmara, “mas (ele) postou falando em nome da democracia”.

De acordo com Cantalice, o PT no Rio vai continuar trabalhando pela unidade do campo progressista. “Mas se não houver, vamos ter que lançar uma candidatura.” De acordo com o dirigente, o nome mais comentado no PT é o da deputada Benedita da Silva. “O quadro está muito indefinido, então não tem como fazer um prognóstico mais para a frente. Mas o nome dela é bastante competitivo”, diz o petista.

Divisões

Em entrevista ao blog O Cafezinho, a Delegada Martha Rocha, deputada estadual pelo PDT e pré-candidata à prefeitura do Rio, explicitou que não está trabalhando por uma candidatura de unidade. “Não serei vice de ninguém”, afirmou. “Hoje, o PDT terá uma candidata e ela será Martha Rocha”, ela acrescentou. Outro nome comentado como possível candidato é o deputado federal Alessandro Molon (PSB).

No campo conservador, o atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), e o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) estarão na disputa. A deputada federal Clarissa Garotinho (Pros) também deve ser candidata.

Freixo afirma defender o impeachment de Bolsonaro, mas, também nesse caso, a partir de “uma ação coletiva”. Segundo ele, o impedimento de Bolsonaro não resolve o problema do país. “É evidente que Mourão pensa igual a Bolsonaro e é o mesmo projeto.” O parlamentar mencionou artigo do vice-presidente Hamilton Mourão, publicado no dia 14 no jornal O Estado de S. Paulo, no qual o general fala em “estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez”, e que, segundo ele, “está levando o País ao caos”.