Há um mistério de Agatha Christie em que um grupo de pessoas comete um assassinato coletivo. Cada uma delas dá uma facada na vítima, de forma que a responsabilidade individual se dilua ou mesmo desapareça.
A mesma lógica parece guiar o presidente de alma branca Obama e seus acompanhantes nesta foto extraordinária tirada na Sala da Situação da Casa Branca enquanto no distante e miserável Paquistão era executada a Operação Gerônimo — a morte sumária de Osama bin Laden. O país que lidera o “Mundo Livre” preferiu dar dois tiros no rosto de um homem desarmado a levá-lo à Justiça, por mais complicado que isso fosse.
É como se a responsabilidade pelo assassinato fosse dividida entre cada um dos fotografados, como na história de Agatha Christie.
Mas.
Mas continua a ser exatamente o que foi, por mais exercícios de retórica que sejam feitos e a despeito do currículo sangrento — e indefensável — de bin Laden: uma execução pura e simples, ao estilo de Al Capone.
O exemplo que Obama e os Estados Unidos deram ao mundo é, numa palavra, repulsivo. Dos ocidentais sofisticados e civilizados espera-se coisa melhor que isso. Ou será que não há tanta sofisticação e civilização assim, mas apenas uma fachada?
No bem-vindo declínio do império americano, é um momento que não poderia ser mais baixo.