Um dos jornais mais populares da França, o diário Le Parisien publicou, nesta quinta-feira (21), uma nota na qual repercute a ampliação do uso da cloroquina no tratamento do novo coronavírus no Brasil.
Intitulado “Les populistes fans de la chloroquine” – ou “Populistas que amam cloroquina”, em tradução literal –, o texto iguala os atuais presidentes dos EUA, Brasil e Rússia que, de modo comum, têm apoiado a administração do medicação para o tratamento, e descreve que, no Brasil, sob pressão do presidente, o país vem recomendando o uso de tratamento para casos “leves” da covid-19 desde a última quarta-feira.
“Jair Bolsonaro luta por sua sobrevivência política e busca se livrar de todas as orientações científicas para destacar sua ação contra a epidemia”, avaliou Gaspard Estrada, diretor executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe.
De acordo com o jornal francês, “a forte pressão exercida pelo chefe de Estado brasileiro, convencido dos efeitos – até agora não comprovados cientificamente – desta droga, motivou a renúncia de Nelson Teich, o segundo ministro da Saúde a deixar o cargo em um mês”.
Recordando o anúncio feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o texto aponta que o mandatário norte-americano “também elogiou repetidamente os méritos da hidroxicloroquina”. “Ele confessou tomar todos os dias como medida preventiva. “Ele quer que a epidemia termine antes das eleições”, disse a cientista política Nicole Barcharan.
O Parisien conclui dizendo que “os populistas estão constantemente buscando soluções simples”. Creditando o uso ao medo de ficar doente, o diário lembra que Vladimir Putin também autorizou a administração de cloroquina em hospitais. “Três homens à frente de países muito afetados pelo vírus. Com cloroquina como uma tábua de salvação”, afirma.
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Colaborou Ivan Chicoski*, graduado em Filosofia pela Universidade de Paris-Sorbonne IV.