Talvez você tenha que criptografar seu email para não ser espionado

Atualizado em 10 de agosto de 2013 às 20:37

Na Alemanha, dois provedores passaram a oferecer este serviço.

0,,17008831_303,00

O texto abaixo foi publicado originalmente no site DW.

Dois dos maiores provedores de serviços de internet da Alemanha – a Deutsche Telekom e a United Internet – anunciaram que passarão a oferecer aos usuários a opção de criptografar o email a partir de agora.

O anúncio foi feito um dia depois de dois provedores de email criptografado sediados nos Estados Unidos fecharem suas portas: o Lavabit, supostamente usado por Edward Snowden, e o Silent Mail.

Dois terços dos alemães mantêm seu principal endereço eletrônico hospedado em um daqueles dois provedores.

De acordo com o CEO da Deutsche Telekom, René Obermann, a iniciativa foi tomada porque os alemães estão “profundamente abalados com as recentes notícias de uma possível interceptação de dados” revelada por Snowden.

Mesmo sem dar detalhes sobre o que as teria levado encerrar os trabalhos, o fim dos serviços de email da Lavabit e da Silent Mail, um dos serviços do grupo Silent Circle, pode estar ligado à pressão do governo dos EUA por acesso a dados dos usuários.

Acredita-se que Edward Snowden, que denunciou o megaesquema de espionagem online dos EUA, utilizava o Lavabit para enviar e receber emails de maneira mais segura.

Em mensagem deixada aos usuários na página inicial, o proprietário da empresa sediada no Texas, Ladar Levison, afirma que foi “forçado a tomar uma difícil decisão: tornar-se cúmplice em crimes contra o povo americano ou deixar para trás dez anos de trabalho duro, fechando o Lavabit”.

Assim, ele optou pela segunda opção.

“Eu queria poder dividir legalmente com vocês os acontecimentos que levaram à decisão, mas não posso”, escreveu Levison.

Notícias divulgadas na imprensa americana informam que ele estaria movendo ações na Justiça para evitar que agentes do governo dos EUA tivessem acesso a informações de seus clientes.

“Do jeito que as coisas estão, não posso dividir minhas experiências ao longo das últimas seis semanas (período em que o escândalo da espionagem veio à tona), ainda que eu tenha feito as devidas solicitações para isso duas vezes”.

Ele ressalta que já prepara os papéis para entrar com recurso e “ressuscitar” a empresa. “Esta experiência me ensinou uma lição muito importante: eu não recomendo fortemente confiar seus dados privados a empresa com laços físicos nos Estados Unidos”, termina a mensagem.

Logo após o anúncio de Levison, foi a vez de Jon Callas, cofundador do Silent Circle, divulgar por meio do Twitter e em um blog que o serviço Silent Mail estava encerrado. “Não recebemos intimações, avisos, cartas de segurança ou qualquer outra coisa de algum governo, e é por isso que estamos agindo agora”, escreveu Callas.

O Silent Circle tem como outro cofundador o inventor do programa de criptografia de dados Phil Zimmermann.

Apesar de ter acabado com o serviço de email, o grupo continuará oferecendo troca de SMS e ligações telefônicas seguras – o que já não era possível garantir com o correio eletrônico, disse Callas na mensagem.