O novo álbum de John Mayer é pop, country, folk e bom.
John Mayer sempre pareceu ter um pé na música caipira. Estourou em 2002 com o hit “Your Body Is a Wonderland”, uma espécie de reggae-pop acústico, bastante adolescente e de letra boba. Mas já ali você podia notar elementos do country/folk americano. Parecia, naquele momento, o Wallflowers piorado.
Pois em pouco mais de dez anos de carreira, o cantor desenvolveu suas habilidades e apurou seu gosto. Deixou o pop no mau sentido (de ser raso e pobre) manteve o pop no bom sentido (a qualidade técnica é excepcional) – e lançou o álbum Paradise Valley esta semana.
Este disco parece “Townes Van Zandt encontra um produtor pop”, tamanha é a beleza dos arranjos e das melodias, sem perder precisão técnica.
Um detalhe interessante: existem duas com o mesmo nome, “Wildfire”. Sim, no mesmo disco. E não são como Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e a Sgt. Peppers Reprise. São músicas totalmente diferentes (de autores diferentes inclusive) com o mesmo nome.
A segunda “Wildfire” tem a participação do autor, Frank Ocean. A outra participação do álbum fica por conta de Katy Perry em “Who You Love”.
Há algumas faixas que se sobressaem, embora o álbum, como um todo, seja muito bom. Mas há de se destacar “Dear Marie”, uma canção sobre saudades, ao estilo que Mayer já vinha fazendo nos últimos trabalhos; “Waitin’ On The Day”, um country com belo coro; “I Will Be Found”, uma canção um tanto aos Rolling Stones com uma linda harmonia; “On The Way Home”, uma música emotiva e bitter-sweet.
O disco contém também uma regravação bastante fiel do blues “Call Me The Breeze”, de JJ Cale – muito bem tocado e interpretado, aliás. E uma linda faixa, “Paper Doll”, que, segundo algumas resenhas, foi feita para a cantora Taylor Swift, com quem Mayer já esteve junto.
O álbum foi liberado no Itunes para ser ouvido em streaming na íntegra. O nome, Paradise Valley, é do lugar onde Mayer gosta de se esconder entre um show e outro. Se for assim tão bonito quanto o disco, ele tem um belo refúgio.