Fomos à 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema

Atualizado em 28 de agosto de 2013 às 18:15

O evento traz 23 filmes e 23 oportunidades de conhecer mais a rica cultura árabe com suas diversas particularidades.

O destaque fica por conta do documentário “5 Câmeras Quebradas”

Quem esteve na abertura da 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, poucos dias atrás, soube que estava participando de algo especial.  O filme que estreou a mostra foi o documentário palestino “5 Câmeras Quebradas” , indicado ao Oscar de 2013. Uma das funções de um documentário é retratar a realidade e apresentar um olhar a partir dessa realidade. Os diretores Emad Burnat (convidado especial da mostra e presente na abertura), natural da Cisjordânia, e o israelense Guy Davidi foram à essência do gênero.

O roteiro não poderia ser mais simples: um pai, Emad no caso, adquire uma câmera para retratar a descoberta do mundo através dos olhos de seu filho caçula, Jibreel. No entanto, o mundo de Jibreel não é colorido como se espera da infância. Em 2005 o povoado de Bil´in (Cisjordânia) assistiu sua terra ser dividida por um muro israelense, e Emad passou a registrar tudo que se passou desde então. Ou melhor, Emad passou a registrar toda a violência que se passou desde então.

Ainda que não tivesse experiência cinematográfica, o palestino conseguiu extrapolar a fronteira conturbada de seu país para transmitir algo essencial: sensibilidade. A partir do olhar de Emad diante da situação violenta, é impossível o espectador não ser atingido. Emad estava demonstrando uma realidade desconhecida pela maioria de nós:  “Ainda que não tivesse experiência com cinema, sentia algo forte, que me ligava à câmera e ao poder que ela tem de contar ao mundo a minha realidade”.

É no momento que tomamos conhecimento de algo antes incompreendido (como o modo de conviver diariamente com a incerteza de um conflito, o caso da maioria dos países árabes) que podemos nos colocar no lugar e sentir como o outro . Após o término da sessão, a plateia presente aplaudiu o diretor Emad Burnat e seu filho Jibreel ininterruptamente durante muitos minutos. E essa é apenas uma das realidades retratadas na mostra, visto que são 23 filmes e 23 oportunidades de conhecer mais a rica cultura árabe com suas diversas particularidades.

Com especial atenção aos eventos da Primavera Árabe, há filmes egípcios em destaque. Um dos casos é o documentário “52/25”, do diretor natural da Alexandria,  Ahmed Medha. O filme retrata as duas revoluções ocorridas no país, sendo o 25 referência ao dia 25 de janeiro de 2011 que tirou o ditador Hosni Mubarak do poder.  O interessante é que o Egito apresenta um olhar em constante evolução, visto que, conforme o mundo inteiro vem acompanhando, os conflitos continuam.

A 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema ocorre até o dia 1 de setembro em São Paulo e de 4 a 16 de setembro no Rio de Janeiro. Confira a programação e maiores informações no site: http://mundoarabe2013.icarabe.org