Bolsonaro chuta acordos, Mourão e generais da ativa. Por Fernando Brito

Atualizado em 16 de julho de 2020 às 23:17
Bolsonaro, Mourão e os militares. Foto: Marcos Corrêa/PR

Publicado originalmente no Tijolaço:

Por Fernando Brito

Em live na noite desta quinta-feira, Jair Bolsonaro jogou um balde de água gelada no general Hamílton Mourão e nos generais da ativa.

No primeiro, porque manter Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente é inviabilizar qualquer avanço em seu esforço para “acalmar” investidores e importadores de produtos brasileiros, que não estão dispostos a “queimar” suas imagens com o segundo ano de desmatamento recorde na Amazônia e que, por isso, chegaram a níveis inéditos de condenação pública ao comportamento do governo brasileiro na questão ambiental.

Aos generais, com o “Pazuello fica”, Bolsonaro frustrou a esperança que tinham de também descolar a imagem das Forças Armadas do morticínio sem precedentes da pandemia com um militar no comando (?) do Ministério da Saúde. Esperança tola, aliás, a esta altura, depois que Gilmar Mendes colou na testa dos militares, com a acusação de genocídio, a responsabilidade que, embora não originalmente deles, deixaram receber quando não confrontaram os desatinos presidenciais e o golpismo de porta de quartel.

É mais uma – a enésima – demonstração de que Jair Bolsonaro não pode ser levado a posições racionais ou que vá buscar na moderação a ampliação de sua base de apoio.

Quando diz que Pazuello e Salles são “excepcionais ministros”, de fato o são na sua visão, porque ele quer um ministro do Meio Ambiente que “passe a boiada” na preservação ambiental e um Ministro da saúde que se cale e não, como ele próprio disse, alguém que, se comunicando com a população, “semeava pânico” e recusava-se a recomendar o charlatanismo da cloroquina.

Que passe a boiada e que se morra sem tugir nem mugir.