A mídia nota uma certa paralisia no governo Dilma.
Mas e a própria mídia, está se movimentando?
No dia 17, contei aqui que foi Palocci quem passou às Organizações Globo o dossiê que provaria que o caseiro Francenildo estava recebendo dinheiro para falar mal dele. Para conseguir essa prova, o sigilo bancário de Francenildo foi violado.
Depois disso, a Caixa — onde Francenildo mantinha sua singela conta — informou, pela primeira vez desde a eclosão do escândalo, que a quebra do sigilo fora arquitetada no “gabinete de Palocci”.
Palocci era ministro da Fazenda e hoje é chefe da Casa Civil, dois cargos essenciais na administração.
Isso é notícia ou não é?
Para ser franco, escrevi sem nenhuma expectativa. Meu texto era como numa mensagem que alguém joga numa garrafa no mar. A esperança era que quem fosse escrever a história daquele período pudesse, pegando a garrafa na imensidão da internet, tivesse acesso à realidade. Meu otimismo não era tanto que eu acalentasse a esperança de que rapidamente pudesse ser feita justiça a Francenildo.
Pela repercussão no mundo digital — um número extraordinário de acessos em meu texto, e reproduções em série em tuítes e no Facebook — o historiador teria que ser muito incompetente para não ver o que a garrafa conta.
Mas a mídia se ausentou do assunto. Fui procurado por um repórter invetigativo, Leonardo Attuch, do jornal digital Brasil 247. Recebi dois ou três emails de um repórter da grande imprensa com perguntas intermináveis. Não deram em nada.
E só.
Ninguém perguntou sequer a Palocci se ele ainda sustenta a versão de que não tinha nada a ver com a invasão da conta do caseiro. A sociedade quer saber se Palocci reúne condições morais de ocupar o cargo que ocupa, diante da notícia de que ele enriqueceu rápido e fácil demais. Para um julgamento mais criterioso, é importante que seja esclarecido o caso de Francenildo.
Mas.
Mas.
Como dizia o maior editor que conheci, a quem apelar?