Publicado na Rede Brasil Atual
Diversas centrais sindicais encaminharam um ofício, nesta segunda-feira (20), ao Ministério Público do Trabalho (MPT), para que sejam investigados casos de racismo nas lojas do McDonald’s. A solicitação é motivada após funcionários relatarem ter sido chamados de “macaco”, “negrinha do cabelo ruim” e “preta suja”.
De acordo com o documento assinado pela CUT, UGT e Contracs, a investigação pode revelar um cenário de abusos contra os trabalhadores, em sua maioria jovens, nas dependências da rede de fast food, a exemplo do que ocorre em outros locais do mundo.
Na manhã desta segunda foi realizado um ato em frente a uma das lojas mais movimentadas da rede, na esquina das avenidas Rebouças e Henrique Schaumann, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. A manifestação foi de apoio e solidariedade ao movimento Strike for Black Lives (Greve pelas Vidas Negras), que mobiliza trabalhadores de diversos setores nos Estados Unidos em protesto contra o racismo.
No documento encaminhado ao MPT, as entidades relatam que, nos últimos dois anos, foram identificadas 16 ações judiciais individuais que descrevem casos de discriminação e racismo no McDonalds, principalmente em lojas da periferia da capital paulista.
“A maioria dos trabalhadores era menor de 18 anos na época. Os crimes incluem expressões pejorativas em relação à cor das vítimas, além de ofensas sobre o cabelo de algumas delas. Uma das profissionais foi impedida de trabalhar durante um evento internacional da rede de fast food por conta da cor da sua pele”, diz o ofício.
Em uma das denúncias, uma funcionária conta ter sido chamada pelo gerente de “negrinha do cabelo ruim”. Outro relata ter sido chamado de “negrinho burro da porra”. Uma terceira funcionária foi apelidada de “salon line”, marca de produtos para cabelos crespos. Há xingamentos de “macaca”, “babuína”, “pretinha suja”, “saci” e até um “volta pra favela, sua neguinha”.
Ao jornal Folha de S. Paulo, a Arcos Dorados, que opera as lojas brasileiras da rede, disse não poder comentar pois não teria tido acesso ao ofício. “Reiteramos o nosso total compromisso com a manutenção de um ambiente de trabalho inclusivo e de respeito, não tolerando nenhuma prática de assédio ou discriminação”, disse, em nota.