Publicado originalmente no Tijolaço
Torça o sr. Jair Bolsonaro para que o jovem gari com quem ele parou para conversar, sem máscara, nos jardins do Palácio do Alvorada não contraia o novo coronavírus. E se, por infelicidade, tiver, que não seja com sintomas graves. Porque, depois da foto em que o presidente, um dia depois de seu teste ter acusado que ele ainda está contaminado pelo vírus, se aproxima perigosamente e sem proteção do rapaz que juntava folhas no gramado do palácio, ele se torna o responsável por qualquer coisa que lhe venha acontecer.
Bolsonaro, é claro, poderia ter usado uma máscara ou mesmo um capacete que encobrisse boca e nariz. Mas é claro que o gesto de aparecer sem máscara foi deliberado, parte da mise-en-scéne de super-homem que ele faz questão de simular.
É mais uma imagem – feita pela agência Reuters = que vai correr o mundo, como mais um retrato deprimente de nosso país, governado por um palhaço irresponsável que, carregado do vírus, não hesita em correr o risco de transmiti-lo a pessoas indefesas.
E faz isso no mesmo dia em que um estudo – amplo, criterioso e de repercussão mundial, pela publicação no New England Journal of Medicine – mostra, pela enésima vez, que a sua idolatrada cloroquina no tem efeito algum na terapia da Covid-19.
Pede-se ao menos que ele contamine seus cúmplices, não um pobre sujeito humilde, que está ali a deixar limpo um palácio habitado por um ser imundo.