Globo diz que delação de Dario Messer contra os Marinhos não tem provas, algo que nunca exigiu quando o alvo era Lula

Atualizado em 15 de agosto de 2020 às 13:26
Moro entre Ascânio Seleme, diretor do Globo, e João Roberto Marinho, recebendo prêmio

Dario Messer, o doleiro dos doleiros, delatou os Marinhos e, por um daqueles milagres conhecidos, desapareceu do noticiário da Globo em que era onipresente.

Dias antes, a emissora estava fazendo carnaval com a história de que ele se comprometeu a devolver R$ 1 bilhão aos cofres públicos, segundo o Ministério Público Federal.

De acordo com o G1, reverberando o MP sem checar nada para variar, o acordo com Messer era em “escala inédita”.

Homologado pelas 2ª e a 7ª Varas Federais Criminais do Rio, permitiria “a coleta de provas para investigações em andamento”, lê-se.

Tudo por obra e graça da Lava Jato.

O número mágico, que virou manchete, não era bem isso: o governo paraguaio anunciou que tem direito a uma parte do patrimônio de Messer.

Ou seja, nunca foi 1 bilhão.

Em depoimento realizado no dia 24 de junho, revelou a Veja, o doleiro contou ter repassado dólares em espécie para os Marinhos em várias ocasiões.

Pacotes de dinheiro eram entregue dentro da sede no Jardim Botânico.

Um funcionário levava de duas a três vezes por mês quantias que oscilavam entre 50 000 e 300 000 dólares.

No Jornal Nacional, William Bonner enfatizou que “a revista destaca que o doleiro não apresentou provas do que afirmou e que admitiu nunca ter se encontrado com qualquer integrante da família Marinho”.

Provas, repito.

Subitamente, a Globo descobre que um delator precisa ter evidências.

Com Lula, isso nunca foi necessário.

Qualquer citação a ele era vazada pela República de Curitiba e divulgada de maneira acrítica, com direito à ilustração de um cano com grana saindo de dentro dele.

Os advogados eram procurados para responder em cima da hora do fechamento para não dar tempo de ir ao ar. Isso quando eram procurados.

Na sentença em que condenou Lula no caso do triplex, Moro não demonstrou os vínculos entre os contratos para obras e o apartamento no Guarujá.

Provocado pela defesa de Lula, o ex-juiz admitiu o seguinte:

“Este juízo jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela Construtora OAS nos contratos com a Petrobras foram usados para pagamento da vantagem indevida para o ex-Presidente”.

O massacre dos Marinhos sobre o petismo, resultado de parceria com a Lava Jato, ignorou princípios jornalísticos e de direito.

Se o alvo de Messer fosse Lula, teríamos Mervais e Leitões agitando as mãozinhas exigindo “justiça”.

Que ela seja feita, então, e se investigue o que relata o sujeito. 

Como dizia aquele velho filme, a lei é para todos. Inclusive para a família Marinho. 

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