A notícia da delação e da fraude de Palocci evidencia o papel da imprensa no vício do processo eleitoral

Atualizado em 18 de agosto de 2020 às 9:26

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POR LUIS FELIPE MIGUEL

A capa da esquerda é do dia 2 de outubro de 2018. Faltavam cinco dias para o primeiro turno das eleições. Sérgio Moro, ainda juiz e a serviço da candidatura Bolsonaro, divulgara no dia anterior a delação de Palocci – e a imprensa fez a festa.

A capa da direita é de hoje. A polícia concluiu que a delação de Palocci é mentirosa. A Folha deu uma discreta chamada de capa. Estadão e Globo, nem isso.

Não se trata simplesmente de uma reparação, em favor de alguém que fora injustamente acusado. É mais uma evidência de que as eleições de 2018 foram fraudadas.

Observe-se a capa da Folha: a manchete principal é a delação de Palocci, mas logo abaixo está noticiada a decisão de Toffoli, reiterando a proibição de que Lula – preso abusivamente, conforme o próprio STF admitiria no ano seguinte – concedesse entrevistas.

Bolsonaro chegou à presidência graças a múltiplas intervenções de força que viciaram o processo eleitoral. Em todo o processo, desde a preparação do golpe de 2016, Supremo e imprensa, entre tantos outros, foram cúmplices de uma conspiração contra a democracia.