Publicado originalmente no Monitor Mercantil
No final do ano passado, a Petrobras vendeu a participação que detinha na Belem Bioenergia Brasil (BBB) por R$ 24,7 milhões. Porém, segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), o valor seria 1/8 da avaliação da companhia, que foi lançada no balanço da portuguesa Galp – a compradora – por R$ 205 milhões.
“Essa diferença de valores foi revelada horas depois do fechamento do negócio, levantando dúvidas sobre a venda”, denuncia a Aepet. O valor a ser pago pode ser ainda menor, pois foi retido para possíveis indenizações trabalhistas e ambientais e só será conhecido em dezembro deste ano.
A BBB foi uma joint venture criada em 2011 com a petrolífera Galp para a produção de óleo vegetal e biocombustível no Pará. Cada uma tinha 50% do negócio e investiu R$ 617,5 milhões no projeto. A partir de 2015, a Petrobras alterou seu plano de negócios e decidiu se desfazer da BBB; porém, os investimentos continuaram sendo realizados.
De acordo com a Aepet, no mesmo dia em que foi assinada a compra, a petrolífera portuguesa avaliou os palmares em R$ 205 milhões. “As Demonstrações Financeiras da Galp em 2019 (p. 32 e 33) afirmam que a parte da BBB pertencente à Petrobras Biocombustível foi comprada por € 5 milhões, e no mesmo dia a empresa registrou como ‘ativos de parceiros’ o valor de € 45 milhões.”
Outro documento cita o valor. A BBB, já pertencente integralmente à Galp, teria usado esta participação para ficar com 49,9% da Tauá Brasil Palma S/A, companhia privada criada para processar óleo vegetal. A BBB subscreveu 204.999.499 ações ordinárias e nominativas sem valor nominal ao valor de R$ 1 por ação, “sendo integralizado à vista mediante a conferência do acervo patrimonial líquido ETO, no valor de R$ 205.000.000 (duzentos e cinco milhões de reais).” O Patrimônio Líquido da Tauá, conforme suas Demonstrações Financeiras do exercício de 2019, é de mais de R$ 600 milhões.