Muitos acreditam que Bolsonaro não teria existido como candidato viável se os seus garotos, em especial Carluxo, não tivessem sido treinados de acordo com os métodos sujos criados por Steve Bannon.
Bolsonaro só existe porque, mesmo já sendo um farsante, foi potencializado como produto da direita pelas mentiras e fraudes criadas sob a orientação do americano.
Pois Bannon foi preso (e já foi solto) como ladrão, e não como manipulador de informações. Há uma certa frustração, porque se esperava que Bannon fosse flagrado como o inventor do sistema fascista de produção de desinformação e difamação em escala mundial nas redes sociais e no WhatsApp.
Bannon deveria ser pego como o sujeito que disseminou práticas mafiosas, que acabaram por sustentar, a partir do mundo virtual, com todo tipo de troca de informações, a ascensão de figuras como Trump e Bolsonaro.
O fascismo internacional deve muito a Bannon. Mas não foi desta vez que pegaram o marqueteiro por seus crimes como manipulador de medos e ignorâncias e guru número 1 da extrema direita.
Como processado, ele é apenas mais um ladrão. Foi preso porque roubou dos próprios republicanos o dinheiro que prometia usar na construção do muro na fronteira com o México.
No Brasil, pode acontecer o mesmo? Os filhos de Bolsonaro podem ser presos um dia, não só pela organização da máquina de fake news, mas pelos mesmos motivos que levarão Bannon para a cadeia?
Os garotos podem ser encarcerados não só pelas rachadinhas e pela lavagem de dinheiro com milicianos e com lojas de chocolate, mas porque a fábrica de mentiras, inspirada no modelo Bannon, foi montada com dinheiro público da campanha eleitoral e, depois, com recursos do próprio governo? Será que isso pode acontecer?
Os garotos poderão ser enquadrados como manipuladores de notícias falsas e também como ladrões? Está provado que o Gabinete do Ódio funcionava (não funciona mais?) dentro do Planalto, sob o comando de Carluxo, com equipamentos, gente e recursos públicos.
O Gabinete rouba o dinheiro que é meu, teu, nosso. Para difamar e fabricar ódio e mentira.
A CPMI que investiga as fake news está parada, e no Supremo o inquérito sobre os crimes nessa área não produz nenhuma informação nova desde as ordens de busca a apreensão cumpridas no dia 27 de maio contra 29 suspeitos.
Entre os 29 visitados pela Polícia Federal estavam Sara Winter, Roberto Jefferson, Luciano Hang e o blogueiro Alan dos Santos.
Muitos deles, financiados com anúncios pagos por estatais e verbas liberadas por ordem do gabinete de comunicação de Bolsonaro, continuam agindo da mesma forma, talvez apenas com menos intensidade. Com exceção de Sara, que está cada vez mais ativa.
O benefício da prisão de Bannon para os brasileiros pode ser indireto, com o abalo na imagem de Trump e a contribuição para sua derrota nas eleições. Parece pouco.
A Folha informou ontem que Bolsonaro passa a ser conhecido no Nordeste como o novo pai dos pobres, uma fama recente, por causa do auxílio emergencial, que se junta a outra fama antiga, essa como “pai de corrupto”.
Foi o que a Folha informou em manchete: Bolsonaro é famoso entre os nordestinos como pai de filhos corruptos. Todos, pai e filhos, até agora impunes.
Os americanos demoram, mas uma hora se livram de estorvos para a própria direita. Bannon não era um estrategista político do ultraconservadorismo sem escrúpulos, era um gângester. É o que a extrema direita brasileira mais tem.
PS: Uma das possibilidades de Bannon atenuar sua pena é entregar outros extremistas corruptos. Claro que, no caso, interessa à Justiça americana os corruptos de lá. Mas há também os de cá, conectados a Bannon. A família Bolsonaro é praticamente sócia do movimento ideológico liderado por Bannon. Ou alguém acha que o guru extremistas, que apareceu ontem bronzeado e cabeludo ontem, ajudou Bolsonaro apenas porque estava preocupado com o povo da Venezuela? Tem dinheiro envolvido.