- Esta reportagem foi atualizada no dia 27 de agosto de 2020, às 16h21
Por Vinícius Segalla
A pastora e deputada federal Flordelis (PSD-RJ), denunciada pela polícia e pelo Ministério Público como mandante do assassinato do próprio marido, teve um passaporte diplomático expedido pelo governo federal no dia 20 de março de 2019 e válido até 31 de julho de 2023. O documento oficial – fornecido também ao esposo assassinado, Anderson do Carmo – foi autorizado por meio de portaria do Ministério das Relações Exteriores, assinada pelo chanceler Ernesto Araújo.
Se é verdade que a deputada de primeiro mandato jamais fez jus ao passaporte pelos motivos que costumam justificar a emissão deste tipo de documento, como a participação em missões oficiais ao exterior ou participação em comissões que trabalham com temas internacionais, fato é que a lei permite a emissão do passaporte diplomático a todos os parlamentares. Também é fato que Flordelis gozava da intimidade do casal e da família presidencial.
A parlamentar jamais tentou esconder esse fato, pelo contrário, estampa – ou estampava – em suas redes sociais qualquer episódio capaz de prová-lo.
Na cerimônia de posse do presidente Jair Bolsonaro, publicou um vídeo no Youtube chamado “Os Bastidores da Posse de Jair Bolsonaro”, em que a deputada circula pelos convidados e conversa com personalidades da política, em cenas como a que se vê abaixo.
Flordelis também goza da amizade e do carinho da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Em entrevistas a canais evangélicos do Youtube e páginas de igrejas neopentencostais, é fácil encontrar imagens das duas juntas em eventos religiosos e sociais, assim como elogios e afagos trocados.
Quando o marido de Flordelis foi assassinado, Michelle enviou uma mensagem de solidariedade que viralizou no meio evangélico, em que a primeira-dama trata a deputada como “amada irmã em Cristo”.
Já quando as investigações começaram a apontar para o envolvimento de familiares na morte de Anderson do Carmo, inclusive com a prisão de um dos filhos do casal, Michelle Bolsonaro, tratando a deputada como “amada”, deixou nova mensagem de apoio à acusada de ser mandante de homicídio, dessa vez em uma postagem na rede social de Flordelis. Novamente, a publicação virou assunto para os canais evangélicos do Youtube.
Por ter imunidade parlamentar, a deputada Flordelis não teve mandado de prisão expedido.