Lula diz que não adianta Bolsonaro criar Renda Brasil e não aumentar o salário mínimo

Atualizado em 2 de setembro de 2020 às 14:07
Lula. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no site da Rede Brasil Atual (RBA)

POR TIAGO PEREIRA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Jair Bolsonaro está “destruindo” todas as políticas sociais criadas nos governos do PT para colocar outras no lugar. Ele destacou a importância de que as políticas destinadas ao povo sejam “perenes”, e atacou a proposta do governo para o orçamento de 2021, que corrige o salário mínimo apenas pela inflação, sem ganho real.

“Ao mesmo tempo em que ele fala que vai fazer o Renda Brasil, estamos há dois anos sem aumento do salário mínimo. E o orçamento que ele mandou não tem aumento do salário mínimo para o próximo ano”, disse Lula nesta quarta-feira (2). Com a política de valorização implementada nos governos do PT, o salário mínimo teve valorização de 74%, desde 2004.

Em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, Lula destacou que o Bolsa Família é um “programa completo”, porque inclui “condicionantes”. Para acessar o benefício, as famílias devem comprovar a frequência das crianças na escola, e se elas estão com a carteira de vacinação em dia.

Lava Jato

Nesta terça-feira (1º), Lula obteve mais uma vitória na Justiça, que determinou o trancamento de uma ação penal contra ele na Operação Janus, desdobramento da Lava Jato em Brasília. O ex-presidente afirmou que está “muito tranquilo” em relação aos processos movidos contra ele. Segundo Lula, “a verdade vai prevalecer”.

“Aos poucos, vamos provando que eles me condenaram apenas com o intuito de me tirar da campanha de 2018. Estou mais tranquilo do que eles. Dallagnol e Moro devem tomar tarja preta toda noite, porque eles sabem que enganaram o Brasil”, disse Lula.

Ele voltou a chama Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato, de “mentiroso”. Já em relação ao procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa em Curitiba, Lula afirmou que, além de “falso e mentiroso”, estava criando “quase que uma quadrilha” no Ministério Público Federal (MPF).

Pós-pandemia

O ex-presidente afirmou que, até a chegada de uma vacina com eficácia comprovada, não é possível prever quando a vida voltará ao normal no Brasil. Assim que possível, espera poder voltar a viajar pelo país para visitar, por exemplo, o Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais.

Perguntado se será candidato nas eleições de 2022, Lula disse que não é é hora de discutir esse tema enquanto a “crise sanitária” não tiver sido superada. Depois disso, “é importante pensar na economia”, ressaltou.

Ele voltou a lembrar que a proposta inicial do governo Bolsonaro para o auxílio emergencial era de apenas R$ 200. A bancada do PT chegou a propor um salário mínimo, mas o resultado final ficou em R$ 600. Lula criticou, implicitamente, o corte pela metade no valor dos benefícios nas parcelas até o fim do ano. “Além de decidir dar o aumento, é importante que você cumpra.” Ademais, o ex-presidente voltou a cobrar políticas de crédito para os micro e pequenos empresários que tiveram seus negócios atingidos pela pandemia.

Assista à entrevista: