Medíocre, ignorante e presunçoso, Mario Frias é o canastrão ideal para a era Bolsonaro. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 5 de setembro de 2020 às 11:27
Mario Frias em frente a retrato de rei belga em peça sobre os heróis nacionais

Mario Frias é a cara escarrada do governo Bolsonaro.

Um ator medíocre e ignorante que farejou, como um urubu, a oportunidade de “brilhar” no palco de um governo que cultua a violência e a estupidez.

O sujeito é a estrela de uma websérie chamada “Um povo heroico”, produzida pela Secom.

Num teaser divulgado na sexta, o secretário de Cultura aparece andando pelo Museu do Senado, criado em 1991 para receber o acervo de arte e mobiliário guardado entre 1925 e 1960 no Palácio Monroe, joia demolida em 1976.

O comercial a sair no 7 de setembro pretende, nas palavras de Frias, narrar “uma história tão bela e grandiosa quanto desprezada e vilipendiada por anos de destruição da identidade nacional”.

Ele para diante de Dom Pedro II, de sua filha Isabel — e de um rei europeu.

“Retrato do rei Alberto da Bélgica” foi trazido ao Brasil em 1920, quando Alberto I visitou o país, e mostra o monarca em trajes da Primeira Guerra Mundial.

O ufanismo mequetrefe e a atuação de Mario são uma peça de humor involuntário.

Há um tradutor de libras em primeiro plano, de branco, que aparece muito mais que ele por contraste.

A poltrona que escolheram, grande demais, o engole quando se senta. Ele se atrapalha com o teleprompter.

Marcelo Adnet nem deveria ter se dado ao trabalho de satirizar essa piada.

Ele o fez, mesmo assim, e Mario não gostou.

“Garoto frouxo e sem futuro”, começa ele num ataque no Instagram, para terminar com uma bravata: “Onde eu cresci ele não durava um minuto”.

Mario Frias, como se deduz, cresceu entre homens verdadeiros coçando o saco, se batendo no saco e sabe Deus mais o quê.

Coisa de macho. Adnet é só mais um artista viadinho, como diz o chefe.

Mario substituiu Regina Duarte, a que foi sem nunca ter sido.

Para não cair em desgraça como ela, se desdobra em puxassaquismo e louvação ao líder do fascio.

Suas redes pouco citam realizações de sua área. Não tem um livro, um filme, nada.

Há somente imagens de Bolsonaro fazendo bolsonarices e ataques a adversários como Wilson Witzel.

O Brasil, que já teve Gilberto Gil à frente da Cultura, agora conta com um arremedo de Cigano Igor. Nós merecemos.

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