Ex-presidentes brasileiros denunciam tratamento cruel dado ao militante que denunciou ao mundo as arbitrariedades e abusos, além dos crimes de guerra, cometidos pelos Estados Unidos. “Todos os países democráticos deveriam gritar por sua liberdade”, disse Lula. “Ele está sendo perseguido e esmagado por uma máquina de mentiras manipulada pelo lawfare”, reforça Dilma.
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff denunciaram nesta sexta-feira, 11 de setembro, o julgamento na Inglaterra do pedido de extradição do jornalista Julian Assange, fundador do Wikileaks, para os Estados Unidos. “O Assange deveria ser tratado como herói por ter denunciado ao mundo as falcatruas do Departamento de Estado americano. Todos os países democráticos deveriam gritar por sua liberdade”, disse Lula, em manifestação publicada nas redes sociais.
Dilma também cobrou a libertação do jornalista: “Ele está sendo perseguido e esmagado por uma máquina de mentiras manipulada pelo lawfare”. Em nota divulgada em seu site, a ex-presidenta do Brasil declarou que o jornalista, preso há um ano e meio na Inglaterra, está sendo mantido em regime de completo isolamento e sem receber atendimentos médico e psicológico.
Antes de ser preso, passou sete anos refugiado na embaixada do Equador em Londres, tendo recebido cidadania equatoriana e passaporte diplomático. Mas tais direitos foram rasgados pelo governo de direita que tomou o poder no Equador, o que permitiu que o governo britânico o capturasse, para atender ao interesse dos aliados norte-americanos. “Negar a extradição de Assange para os Estados Unidos é uma questão de dignidade humana, respeito pela justiça e medida de cunho civilizatório”, declarou Dilma.
Assange tornou públicos, entre 2010 e 2011, crimes de guerra cometidos pelo Exército norte-americano nas invasões ao Iraque e ao Afeganistão. Por isso, pode responder por espionagem e conspiração nos EUA. Ao todo, são 18 acusações, que podem render uma pena de 175 anos ao jornalista. Autoridades americanas teriam dado garantias verbais ao Reino Unido de que Assange não corre risco de ser condenado à pena de morte nos EUA.
Dilma aponta, em nota publicada em seu site, que o crime de Assange foi divulgar documentos oficiais, portanto indesmentíveis. “Além de crimes de guerra, [os documentos] mostram que agências de inteligência dos EUA insuflaram conspirações para desestabilizar governos legítimos e autorizaram manobras ilegais para beneficiar corporações norte-americanas contra suas concorrentes”, aponta a ex-presidenta. “Tudo isto está registrado nos milhares de documentos internos dos serviços de espionagem e inteligência dos Estados Unidos que o WikiLeaks noticiou. Os Estados Unidos não desmentem os crimes, mas decidiram aniquilar o mensageiro que os revelou”.
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Fernando Henrique Cardoso, que passa parte do seu tempo no apartamento em nome de Jovelino Mineiro em Paris, certamente conhece o caso Assange e é estranho que não tenha ainda se manifestado. O julgamento do fundador do WikiLeaks é decisivo para o futuro da democracia no mundo.
Sobre ex-presidentes, Sarney também poderia se manifestar, embora não tenha chegado ao Planalto pelo voto popular. Collor é controverso, mas de qualquer forma ostenta o título de primeiro presidente eleito no Brasil depois da ditadura.
Michel Temer foi o grande beneficiário de um golpe, é citado pelo WikiLeaks como informante dos EUA — telegramas restritos trocados no Departamento de Estado norte-americano registram suas análises sobre a conjuntura política, com informações de bastidores.
Portanto, exposto pelo WikiLeaks, dificilmente Michel Temer se manifestaria a favor de Assange.
Já Bolsonaro, tanto na aparência quanto no conteúdo, representa o oposto do que defendem Assange e o WikiLeaks.
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