Rogéria Nantes fez a declaração em evento na sexta-feira ao lado do filho Eduardo. Ela também é mãe de Carlos e de Flávio Bolsonaro, ambos investigados por desviar dinheiro público por meio da nomeação de assessores — fantasmas ou não.
Segundo o Ministério Público, em 30 anos de política, a família embolsou quase 30 milhões de reais dos cofres públicos, por meio de funcionários fantasmas.
Rogéria comprou em 22 de janeiro de 1996 um apartamento no bairro de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, por R$ 95 mil — equivalente hoje a R$ 621,5 mil, valor atualizado pela inflação.
A escritura pública do 21º Ofício de Notas do Rio, obtida pelo GLOBO, registrou que o pagamento ocorreu em dinheiro vivo, e foi “integralmente recebido” no ato de produção do documento de venda.
Na ocasião da aquisição, ela era casada em regime de comunhão parcial de bens com o então deputado federal e agora presidente Jair Bolsonaro. O casal se separou entre 1997 e 1998.
Quando houve a separação, Bolsonaro atacou publicamente Rogéria. Disse que ela o havia traído. Politicamente. Segundo ele, havia um acordo segundo o qual, nas questões polêmicas, ela o consultaria antes de votar. Ela não teria cumprido o acordo.
De qualquer forma, segundo registrou o jornalista Luiz Maklouf de Carvalho, em reportagem no Estadão, ambos já tinha relacionamentos extraconjugais.
“A desavença conjugal ocorreu no começo do segundo mandato de Rogéria — ambos insatisfeitos com as infidelidades de cada um. Quem viveu de perto — e não fala abertamente, com medo do quem sabe do futuro presidente da república — relata que Jair teve enorme dificuldade de já ir se acostumando. Finalmente separados, ambos assumiram os relacionamentos já existentes”, escreveu Maklouf, na reportagem publicada em 15 de abril de 2018.
Em 2000, ele lançou o filho Carlos, de 17 anos, para disputar uma vaga com a mãe. Carlos se elegeu, a mãe não. Na época, ele teve 16.053 votos. Ela, 5.109.
Depois da eleição, procurado pela imprensa, Bolsonaro disse que, por ele, Rogéria já estava morta fazia tempo.
Rogéria voltou à cena em 2018, ao apoiar a candidatura do ex-marido.
Agora, com o cacife eleitoral da família aumentado, vai concorrer pelo mesmo partido do filho, o Republicanos, e ambos acreditam que poderão se eleger.
A segunda mulher de Bolsonaro, Cristina, tentou em 2018 uma cadeira na Câmara dos Deputados, com o nome do ex-marido. mas não se elegeu.
Rogéria ocupou caros públicos depois que deixou a Câmara, provavelmente por indicação de Bolsonaro ou de algum filho. Em 2016, soube-se que ela ocupava um cargo na Casa Civil da Prefeitura do Rio.
O então prefeito, Eduardo Paes, a demitiu um dia antes da campanha começar. Seu candidato era Pedro Paulo, que tinha como adversário Flávio Bolsonaro.