Publicado originalmente no blog do autor
Por Paulo Lopes
A Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) está tentando impedir que o Distrito Federal e parlamentares evangélicos autorizem o gasto de R$ 80 milhões, no mínimo, com a construção de um Museu da Bíblia, deixando, assim, de destinar esses recursos para demandas urgentes neste momento de pandemia e desemprego.
Rolando Piccolo Figueiredo, estudioso do legado de Niemeyer, tem denunciado que o arquiteto nunca fez um projeto para a construção de um museu da Bíblia em Brasília, mas apenas um rascunho, com tantos outros que deixou.
Ele diz: “Mesmo se considerarmos a ampla gama de obras executadas pelo arquiteto a partir de desenhos escassos ou pouco detalhados, neste caso não é possível sequer dizer que existe um anteprojeto — as quatro pranchas de desenho são absolutamente insuficientes para garantir uma construção cuja autoria pudesse ser atribuída postumamente”.
Pode-se concluir, assim, pela avaliação de Figueiredo, que o rascunho de Niemeyer está sendo valorizado por motivos comerciais, políticos e religiosos, desprezando a laicidade de Estado.
Previsto para ser inaugurado em 2022, o museu seria administrado pela Sociedade Bíblica Brasileira, uma empresa evangélica.
A pedido do juiz Paulo Afonso Cavichioli Carmona, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o procurador Ivan Machado Barbosa disse que não pode se manifestar sobre a ação civil pública da Atea porque só existem estudos iniciais para a construção do museu e que, para a doação do terreno, seria necessária uma lei.
Na ação, o advogado da Atea, Thales Bouchaton, argumenta que a construção do museu seria “uma afronta ao povo do Distrito Federal e ao povo brasileiro”, porque o que está em jogo são “interesses privados de segmentos religiosos que possuem influência no governo do Distrito Federal e no Congresso”.
Com informação da Atea, do Tribunal do DF, do Correio Braziliense e de outras fontes.