Lutar é uma vitória: as lições da greve dos Correios. Por Ricardo Berzoini

Atualizado em 23 de setembro de 2020 às 13:32
Funcionário dos Correios

Por Ricardo Berzoini

Parabéns aos companheiros dos Correios pela greve corajosa e forte, em cenário adverso.

Uma greve vitoriosa politicamente, e isso precisa ser trabalhado na categoria e na classe trabalhadora para não prevalecer o sentimento derrotista.

As derrotas econômicas são óbvias mas o movimento foi ao limite e testou os limites do sistema político/judicial, pedagogicamente.

Em 1991, nós bancários de bancos federais fizemos uma greve semelhante (governo Collor). O TST declarou a greve abusiva, determinou a volta ao trabalho, não acolheu nenhuma reivindicação, nem de reajuste pela inflação.

Decidimos continuar a greve, fizemos grandes passeatas nos dois dias seguintes. Nossa passeata de Sampa desceu a Consolação, encontrando-se com professores estaduais e trabalhadores dos Correios, em greve, fomos até a Praça da Sé, onde terminamos com um ato unificado. Desci do caminhão de som, atravessei a rua com minha companheira e fui preso pela PF.

A greve acabou em seguida. Mas não houve sentimento de derrota, apesar da derrota econômica. A disputa de narrativa é fundamental.