Milton Ribeiro é completamente desqualificado para o cargo que ocupa. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 25 de setembro de 2020 às 11:23
Milton Ribeiro, ministro da Educação — Foto: Divulgação/Igreja Presbiteriana Jardim de Oração

Por Luis Felipe Miguel

A entrevista de Milton Ribeiro para o Estadão mostra – mais uma vez – que ele é completamente desqualificado para o cargo que ocupa.

Foge das responsabilidades que seriam suas. É desinformado. E – essa artimanha faz sucesso no governo do qual participa – tenta suprir seu vazio de competências apelando para declarações homofóbicas que agradariam à base radicalizada.

Dizem que ele tenta se mostrar mais “aguerrido” para se segurar no cargo. De fato, ele entrou como uma espécie de Weintraub que não dá patadas. Mas o que sobra de Weintraub, se retiramos as patadas? Pois era esse nada a que Ribeiro se destinava.

A mudança de postura é difícil, porque parece lhe faltar até a verve grosseira que as brigas de twitter exigem. O que mais impressiona, na entrevista do Estadão, é que em nenhum momento reluz qualquer faísca de inteligência. Mesmo no papel, as respostas parecem lentas, pausadas, mornas, sussurradas.
O que motivou a entrevista do ministro, que em geral prefere prudentemente ficar na encolha, foi a vontade de reagir às críticas que recebeu, no campo da extrema-direita, por ter recebido dois deputados da bancada lemmanista.

É a velha armadilha – reduzir as alternativas ao desvario fundamentalista, de um lado, e à visão empresarial, do outro. Se os opositores de Ribeiro são o Todos pela Educação, a Fundação Lemman, a Viviane Senna etc., somem do debate os movimentos de professores e de estudantes, os defensores da educação pública e gratuita, a pedagogia critica e emancipadora.

Enquanto isso, Bolsonaro prossegue com a prática de jamais nomear reitores eleitos. É gravíssimo – o objetivo é anular o instituto constitucional da autonomia universitária.
Não é um ataque a esta ou aquela instituição. É a todos nós. E acho, francamente, que nossa resposta está muito aquém do necessário.

Lembro sempre dos versos famosos de Martin Niemöller: “Quando vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista” etc.

Pois quando as intervenções começaram, em geral em universidades e institutos federais novos, pequenos e periféricos, parecia algo desagradável, mas distante.

Agora, até uma universidade do porte da UFRGS foi entregue para um oportunista desprezível, apadrinho por um deputado folclórico que representa o pior da escória política do país. E o que nós fazemos?