Publicado originalmente no RFI
O jornal Libération desta segunda-feira (28) traz uma matéria sobre a luta contra a Covid-19 em Araraquara, no interior de São Paulo. A prefeitura da cidade, administrada pelo Partido dos Trabalhadores, colocou em prática uma estratégia considerada exemplar para frear a propagação da doença, “à revelia da política de Bolsonaro”. O resultado é uma mortalidade por coronavírus três vezes mais baixa do que a média nacional.
A repórter destaca que o Brasil ocupa a terceira posição entre os casos positivos (mais de 4,7 milhões) e a segunda em número de mortos (mais de 140 mil), um quarto dos óbitos apenas no Estado de São Paulo. No entanto, em Araraquara, a média é de 9 mil testes PCR por 100 mil habitantes, quatro vezes mais que a média brasileira.
A correspondente do Libé no Brasil acompanhou a rotina de uma das Unidades de Pronto Atendimento da cidade, na Vila Xavier, onde “o pior passou”, mas cerca de 180 casos ainda são diagnosticados por dia. Diante da falta de profissionais de saúde, os médicos cubanos, que atuaram durante muito tempo em Araraquara no governo de Dilma Rousseff, fazem falta, escreve a jornalista.
Segundo a reportagem, é graças ao SUS que uma catástrofe sanitária ainda maior pode ser evitada. A jornalista entrevistou pacientes que só podem contar com a rede pública de saúde. “Deus está comigo, mas o SUS também”, afirma Maria Edileusa à repórter.
No entanto, a estratégia da prefeitura de Araraquara no combate à Covid-19 se encontra no centro de uma polarizada polêmica. Com um lockdown pouco respeitado pela população, a extrema direita viu na cidade um exemplo que o isolamento seria inútil contra a doença.
O diário lembra que o próprio presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, sempre se opôs ao lockdown. “Apesar de sua gestão desastrosa da crise, Bolsonaro conta com forte popularidade, graças às ajudas sociais destinadas a 67 milhões de trabalhadores informais (um terço da população) para amortecer o impacto econômico da epidemia”, conclui o jornal Libération desta segunda-feira.