Ao dizer que PSDB precisa fazer autocrítica, FHC externou apenas parte do que diz em privado: o partido acabou

Atualizado em 29 de setembro de 2020 às 8:53

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem no Roda Viva que o PSDB deve fazer autocrítica por conta das denúncias de envolvimento de líderes do partido com corrupção.

Não quis citar nomes, mas naturalmente se referia a Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin. Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, chegou a ser preso.

Ele considera que algumas denúncias são justas, outra não.

Já é uma mudança.

No passado recente, dizia que não havia corrupção em seu partido.

FHC comparou a situação do partido que fundou à do PMDB em 1988, dominado pelo quercismo, que provocou a saída dele, Franco Montoro e Covas.

“Nós éramos, a maioria de nós, pertencíamos ao MDB ou PMDB. E por que criamos um partido novo? Porque o PMDB perdeu identidade naquele momento. Ficou muito diversificado, havia muitas correntes. Em tudo se dividia. Talvez esteja acontecendo algo semelhante no PSDB. Os partidos nascem e morrem também. Espero que o PSDB não morra. Quando é que eles não morrem, no caso brasileiro? Quando eles têm liderança.

Hoje, com seus três últimos candidatos a presidente afundados na lama da corrupção, que liderança tem o PSDB?

Doria é o principal nome, mas seu perfil político é muito diferente do das principais figuras que fundaram o partido, hoje quase todos já falecidas.

É possível que a sigla permaneça, mas completamente diferente daquela que, sem dúvida, ajudou a escrever a Constituição de 1988, marco civilizatória do Brasil.

Quem priva de uma proximidade maior com FHC diz que, nos bastidores, ele está farto do PSDB e faz críticas pesadas. O partido, hoje, dá apoio envergonhado a Jair Bolsonaro.