O que aconteceu naquele quarto de hotel de Nova York?
A pergunta central no “Caso da Camareira” voltou a despertar curiosidade intensa e planetária depois que, para surpresa geral, ela – a africana Nafissatou Diallo — concedeu pela primeira vez entrevistas à mídia em que repetiu as acusações de tentativa de estupro contra o então presidente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn.
Foi uma atitude inusual – e de alto risco.
Diallo teoricamente deveria guardar sua história para o tribunal. Aparentemente, ela agiu para comover a opinião pública num momento em que o caso estava prestes, ao que tudo indicava, a ser arquivado por supostas incoerências em suas declarações. Um sinal disso é que DSK fora liberado da prisão condicional e recebera de volta o dinheiro milionário da fiança. Um jornal novaiorquino também enfraqueceu a camareira ao afirmar que ela era prostituta. Diallo negou, e está processando o jornal.
Diallo acertou ou errou ao falar com a imprensa?
Parece que acertou. Você vê imagens dela falando e é difícil acreditar que ela possa estar mentindo. Ela teria que ser uma atriz excepcional. É rigorosamente convicente, por exemplo, o jeito como ela mostra como DSK teria segurado seus seios. Ela não usa apenas palavras: utiliza as próprias mãos na reconstituição de sua versão dos fatos. Isso impressiona.
Se isso vai inverter a tendência pró-DSK na justiça de Nova York é ainda uma incógnita. Mas que as entrevistas devolveram a Diallo – com seus traços toscos e corpo escultural — a aura de vítima que lhe fora usurpada por DSK, isso é inegável.
Se tivesse que apostar minhas fichas em alguma versão, colocaria todas e mais algumas na história de Diallo. Para mim, repetindo Wellington, quem acredita no que os advogados caríssimos de DSK estão dizendo acredita em tudo.