‘Rogério Ceni, o moron’: um artigo de nosso colunista inglês, Scott Moore

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 17:09
Quis ser heroi
Quis ser heroi

Ladies & Gentlemen:

Rogério Ceni pagou o preço da arrogância e da empáfia na horrorosa partida de hoje entre Corinthians e São Paulo.

Um jogador menos metido teria oferecido a algum companheiro a chance de fazer o gol de pênalti decisivo no final de um jogo que poderia afastar o São Paulo da relegation zone (zona de rebaixamento).

Mas não. O moron (palerma) quis reivindicar a glória de um triunfo vital para si próprio. Atravessou o campo todo como se fosse um conquistador como César ou Napoleão. E cobrou o pênalti como se fosse o que é: um goleiro.

Ladies & Gentlemen: o Campeonato Brasileiro de 2013 é uma das piores coisas que já vi em minha vida. Não existem gols, não existe plateia, não existe nada de arte. Vi alguns jogos do líder Cruzeiro. É um time que só jogaria na série B na Inglaterra.

O símbolo maior da ruindade do futebol do campeonato é o Corinthians do Boss. Oito empates de zero a zero é provavelmente um recorde mundial. Um ataque impotente como os eunucos faraônicos. Jogadores caros passam partidas inteiras sem sequer ameaçar a cidadela adversária.

Me apaixonei pela torcida corintiana na épica campanha do título mundial de clubes, no Japão, que cobri para o DCM. Me desapaixonei do time neste campeonato. Hoje, quando me perguntam qual é meu time no Brasil, respondo que torço pela torcida alvinegra apenas.

Imaginei que veria o futebol arte brasileiro ao cobrir, a convite de Boss, o campeonato. Mas para ver arte tenho que assistir aos jogos de meu Man City, do Barcelona e do Bayern.

O que salva são as risadas. Como as que Rogério Ceni proporcionou a mim ao tentar se fazer de heroi e sair de campo sob uma intensa, torrencial, devastadora vaia moral.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura