Governadora bolsonarista de SC se recusa a condenar claramente o nazismo dizendo que precisa “honrar o pai”

Atualizado em 30 de outubro de 2020 às 9:36
Bolsonaro com Daniela Reinehr e o general Luiz Ramos

Não bastasse tudo, o Brasil de Bolsonaro ganhou uma governadora filha de um negacionista do Holocausto que se recusa a repudiar o nazismo por causa de um mandamento bíblico.

Daniela Reihner, que assumiu no lugar de Carlos Moisés, é filha de Altair Reihner, admirador das “obras” de Adolf Hitler, amigo e testemunha de defesa no julgamento de Siegfried Ellwanger Castan, fundador da Editora Revisão, que publicava livros antissemitas.

Em 2005, Altair escreveu um artigo no diário “A Notícia”, de Joinville, em que afirmava que o número de judeus mortos pelo nazismo era muito menor que os consagrados 6 milhões.

Daniela vem sendo cobrada publicamente a exortar sua opinião sobre esse período tenebroso da História — e se recusa a ser clara e direta evocando sua relação familiar.

Ora.

Papai vai ficar bravo se ela não fizer o “Sieg Heil” e bater as botinhas? 

Em entrevista ao NSC, ela fez um malabarismo retórico para fugir da resposta. Um trecho:

Para deixar claro: a senhora acredita que o holocausto nazista existiu?

O que a gente vê nos livros é isso, a história que a gente lê.

A palavra “sim”, tão singela, é muito complicada para ser proferida por Daniela.

Reclamou mais:

Não houve debate, até porque eu nunca entrei nesse tipo de debate. Eu simplesmente respeito as pessoas, respeito o que aconteceu. Nunca entrei nesse tipo de situação e não é hoje que vou entrar. Eu peço que as pessoas me avaliem pelo que eu faço. Eu não vou entrar nesse tipo de discussão porque jamais tomei qualquer tipo de posicionamento nesse sentido de negar a história e de atacar pessoas. Eu sou uma figura pública hoje, mas preciso que respeitem também minhas relações familiares, independente das divergências de pensamento. Eu preciso respeitar meu pai, é um mandamento de Deus também. Eu sou mãe também. Estão me colocando em uma dicotomia: honrar pai e mãe e me manifestar a respeito de algo que jamais manifestei contrário. Jamais me manifestei contra qualquer fato histórico e nem faltei com respeito a ninguém. Peço que me respeitem neste momento.

A vitimização e o apelo às escrituras é um clássico do bolsonarismo.

A doutora Daniela precisa entender que não está mais em casa, ouvindo o pai proferir sabe Deus quantas barbaridades sobre os judeus mortos em câmaras de gás por seu herói, mas à frente de um estado.

Não há nenhum mandamento divino sobre aceitar ou espalhar mentiras sobre o diabo, ainda que venham de pai ou mãe.