Publicado originalmente no blog do autor
Por Fernando Brito
A nova pesquisa Datafolha, divulgada há pouco, não tem, a rigor, novidades.
Porque os dados diferentes que traz são algo que todos já sabíamos: o “derretimento” da candidatura de Celso Russomano e que o apoio de Jair Bolsonaro, em lugar de votos, traz rejeição.
A candidatura de Guilherme Boulos, ao contrário, mostra que já estabeleceu uma base sólida e, por isso, será natural que muitos eleitores partidariamente alinhados com o PT comecem a ver nele a possibilidade de um segundo turno contra Covas, o candidato de João Dória.
Jilmar Tatto não foi capaz de uma arrancada suficientemente forte, com a base de apoio do PT, para que se tornasse viável.
Presença certa na rodada final, o neto de Mario Covas terá, ali, de assumir a sua identidade com o governador, que ostenta, como Bolsonaro, alta taxa de rejeição.
Márcio França, alternativa “comportada” ao tucanismo avesso a Doria, parece empolgar pouco, ao ponto de mais da metade de seus potenciais eleitores admitirem que podem mudar o voto.
A tendência é de que haja um segundo turno entre Bruno Covas e Guilherme Boulos e, neste caso, será necessária muita maturidade do PSOL, se não quiser ser um adversário fácil para o “dorismo”.
O discurso nacional será essencial nisso, porque obrigaria Covas a se posicionar frente ao bolsonarismo. E ficar preso no dilema de atrair a extrema-direita sem arrastar junto a imensa rejeição de Jair Bolsonaro, além da de Doria.