O ato pela tarifa zero promovido pelo Movimento Passe Livre saiu da Praça Ramos e rodou pelo contro de São Paulo para então desembocar no terminal Dom Pedro. Eletricidade no ar.
Repentinamente, o coronel Reynaldo Rossi, sozinho é cercado e espancado. Por que estava tão desprotegido naquele momento? Sem capacete nem quepe, sob a escuridão do ponto onde apanhava, custei a perceber que se tratava de um militar. Muitas brigas ainda estavam em andamento pois infiltrados haviam sido flagrados após a queima simbólica de uma imensa catraca dentro do terminal Dom Pedro, dando ignição à destruição de ônibus, caixas eletrônicos e catracas reais.
Foram vários minutos de quebradeira e lutas e a todo momento olhava em volta para não ser atingido inadvertidamente por uma bala de borracha ou arremesso de bomba que certamente viria. Não veio, supostamente reflexo dos excessos cometidos contra a imprensa na segunda-feira, o que causou espanto, diante da coça levada por Reynaldo Rossi e da depredação generalizada.
A agressão contra o coronel foi de intensa violência. Tendo recebido muitos socos e pontapés, pedaços de pau e uma chapa de aço foram golpeados contra sua cabeça. Até que a tensão atingiu seu ápice.
Um paisano de arma em punho entrou no meio da briga e apontou a pistola para o rosto de um manifestante agressor. A dispersão foi imediata. Quantos outros não estariam armados? Eu já havia visto outro alguns segundos antes, correndo, o que confirmava o boato de sempre acerca da existência de PMs infiltrados e armados.
O coronel realmente tem uma postura melhor que muitos de seus colegas durante as manifestações. Não desrespeita, não agride verbalmente, não debocha.
Mas por que sozinho naquela hora, quando o caos já havia se instalado?
Experiente, durante sua caminhada de maltrapilho até a viatura que o levaria ao Hospital das Clínicas, o coronel Reynaldo Rossi ordenava “Vai com calma, segure a tropa, não deixe que percam a mão”. Sabia que havia o risco da deflagração de uma guerra com mortes.
Mais uma vez, a reação da polícia causou-me espanto na noite de ontem. Nunca é demais lembrar que a foto do PM com sangue escorrendo pelo rosto em 11 de junho foi o estopim de todo o movimento pendular que as ações tomaram. Quando um policial é agredido, na manifestação seguinte a polícia bate sem dó. Quando a PM agride de forma descontrolada, na manifestação seguinte ela quase não atua.