Originalmente publicado por TIJOLAÇO
Por Fernando Brito
Assisti o debate entre Bruno Covas e Guilherme Boulos e deu para ver que suplício será para o candidato tucano fugir da proximidade com João Doria, do silêncio em relação a Jair Bolsonaro e da habilidade verbal de Guilherme Boulos.
Covas consegue ser mais inexpressivo no vídeo que o seu ex-padrinho Geraldo Alckmin. Não move o rosto, não enfatiza e seus argumentos centrais ontem eram “os valores que recebi em casa” e o “vejam que falta faz a experiência”.
Bem pouco para se sustentar-se diante de um argumentador competente como Boulos, que soube escapar bem da pecha de “radical” com que a campanha de Covas decidiu estigmatizá-lo. Aliás, parece que os estrategistas tucanos mais que o próprio candidato, que parecia constrangido ao usar este discurso e, por isso, soava inconvincente.
Não sei se é resultado apenas dos seus problemas de saúde mas Covas , apenas dois anos mais velho que Boulos, Covas parecia ter dez ou 15 a mais e o tom monocórdio de sua fala acentuava isso.
Se era ou não para despertar piedade, não posso afirmar, mas que seu ar era o de “coitadinho”, era. E coitadinhos dificilmente mobilizam: piedade não é amor.
Boulos dosou muito bem as energias, evitou a agressividade, ressalvou classe média e pequenos empresários, assumiu o compromisso de não aumentar o IPTU – uma armadilha absolutamente previsível – e se calçou todo o tempo em ter consultados auditores fiscais e o Tribunal de Contas para assegurar viabilidade e legalidade para suas propostas de gestão.
E apresentou propostas, em profusão.
Fosse na Globo e não na CNN, o debate teria sido um desastre para Covas que, entretanto, não escapa de prejuízos nas redes sociais, onde quase ninguém se animou ou aplaudiu seu desempenho, exceto a bolsonarista Carla Zambwelli, que não fala pelo hospício e, além do mais, é uma pé-frio que não elegeu pai, irmão e cunhada, todos derrotados no domingo.