Ocupação de UTI sobe 53% e Covas diz que não vai retroceder na flexibilização contra Covid

Atualizado em 19 de novembro de 2020 às 14:58
Bruno Covas. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no site da Rede Brasil Atual (RBA)

POR RODRIGO GOMES

Apesar do aumento de 53% na ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com covid-19 nos últimos sete dias, o prefeito da capital paulista e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), disse hoje (10) que “não há nenhuma necessidade de retroceder na flexibilização (da quarentena)”. O prefeito admitiu que existe um aumento de internações, mas disse que a situação se deve a um aumento de casos entre as classes mais altas e devido à vinda de pessoas de outras cidades buscando atendimento na cidade.

Apesar do discurso do prefeito, os números da própria Secretaria Municipal da Saúde mostram claramente uma piora na pandemia em relação ao que ocorria nas últimas semanas. A ocupação de leitos de UTI para pacientes com covid-19 saltou de 33%, em 11 de novembro, para 49% ontem (18). No caso das enfermarias, a ocupação já é de 61%. Na rede privada, a ocupação chegou a 76% ontem.

Os dados de novos casos mostram que houve uma reversão na queda que vinha ocorrendo desde o pico da pandemia, em junho. A média móvel de novos casos começou a subir novamente em 12 de outubro e mostrava uma tendência de estabilidade na casa dos 700 casos por dia. No entanto, em 5 de novembro, uma pane no sistema do Ministério da Saúde prejudicou o monitoramento da continuidade da curva.

No caso das mortes, a situação é semelhante. Após uma queda contínua desde o pico da pandemia, o número de novas mortes parou de cair em 20 de outubro e desde então se mantém entre 15 e 20 novas mortes por dia. Além disso, é preciso considerar que um eventual aumento no número de mortes não ocorre ao mesmo tempo que o aumento de internações, mas, sim, de duas a três semanas depois.

Embora negue a piora na situação, o governo Covas disse que serão reservados 200 leitos para casos leves nos hospitais de Parelheiros, Brasilândia e Bela Vista – Irmã Dulce.

Segundo Covas, no entanto, esse aumento de ocupação de UTI para pacientes com covid-19 era esperado, já que o inquérito sorológico da prefeitura detectou um aumento de casos nas classes A e B, da ordem de 200%, há pouco mais de um mês. O prefeito destacou, no entanto, que a prefeitura ainda tem condições de ampliar os leitos de enfermaria e UTI para atender os novos casos que eventualmente surjam, já que parte dos leitos que havia em março foi desmobilizada desde setembro.

Estado e Grande São Paulo

O aumento nas internações de pacientes com covid-19 em UTI também está sendo registrado na Grande São Paulo e em todo o estado. Ontem foram registradas 1.343 novas internações em todo o estado de São Paulo. O maior número desde 30 de setembro. Os dados são do Boletim Coronavírus, organizados pela Fundação Seade.

Na grande São Paulo, a ocupação de UTI para pacientes com covid-19 chegou 49,7%, maior número em semanas. Ontem ocorreram 857 novas internações, o maior número desde 29 de agosto. Já são 13 dias com aumentos contínuos no número de pessoas internadas tanto no estado como na região metropolitana.

Apesar disso, o governador paulista, João Doria (PSDB), aliado de Covas, adiou a reclassificação das cidades no Plano São Paulo, que coordena a reabertura do comércio e a flexibilização da quarentena, para 30 de novembro. Com isso, mudanças que poderiam ocorrer emergencialmente nesta semana ficaram para depois do segundo turno das eleições na capital paulista, para evitar prejudicar o atual prefeito.