O general Hamilton Mourão declarou hoje, comentando o caso do assassinato de um homem negro no Carrefour, que “no Brasil não existe racismo”.
“Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil, não existe aqui”, falou a repórteres.
“Eu morei dois anos nos Estados Unidos. Na minha escola, que eu morei lá, o pessoal de cor, ele andava separado. Eu nunca tinha visto isso aqui no Brasil.”
Mourão está repetindo o diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel.
Em 2006, Kamel lançou o clássico infame “Não somos racistas”, cujo subtítulo é “uma reação aos que querem nos transformar numa nação bicolor”.
É uma coletânea de artigos que ele publicou no Globo sobre os programas para discriminação racial e reparação social do governo Lula.
Segundo ele, o preconceito é dirigido preferencialmente ao pobre (que chama de “classismo”).
A saída está no desenvolvimento do país e em investimentos consideráveis em educação (genial).
Ele é contra as cotas porque a miscigenação é uma constante da sociedade brasileira e a proposta de reservas de vagas a partir de critérios raciais não é coerente com nossa história.
As cotas imporiam o risco de vermos o país dividido entre brancos e negros e, aí sim, vermos nascer o ódio racial.
É exatamente o que fala Mourão.
Não deixa de ser curioso a Globo colocando negros e negras em postos-chaves diante das câmeras como uma espécie de reparação.
Um deles poderia perguntar se o chefe mantém o que escreveu ou se prefere esquecer, como FHC — que se orgulhava de seu “pé na cozinha”.