Publicado originalmente na Ponte Jornalismo
O Carrefour abriu uma investigação interna para apurar uma mensagem que teria sido enviada pela gerência da unidade do supermercado na rua Pamplona, área nobre da zona sul da cidade de São Paulo, aos funcionários que atuaram logo depois de o mercado ser invadido por manifestantes antirracistas na última sexta-feira (20/11).
A mensagem parabeniza aos funcionários “pela postura e atitude ao longo de todo o dia”, diz que a unidade deve renascer “com o vigor e exuberância de sempre, matando a concorrência e os desqualificados manifestantes (lixo humano)”.
O possível recado aos funcionários aconteceu à 0h05 de sábado (21/11). Horas antes, manifestantes haviam entrado no supermercado, quebrado vidradas, espalhado produtos da loja e ateado fogo dentro da unidade em resposta ao assassinato de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, homem negro espancado por dois seguranças brancos de uma unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS), na quinta-feira (19/11).
Os dois seguranças que prestavam serviço ao supermercado, sendo que um deles é PM temporário, eram funcionários da empresa terceirizada Vector Segurança Patrimonial Ltda., que tem entre os donos a cabo da PM de São Paulo Simone Aparecida Tognini e o policial civil Luiz Okasima, fotógrafo pericial do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).
“Em primeiro lugar, muito obrigado, em meu nome e em nome do Carrefour”, iniciava a mensagem. “Hoje foi um dia muito difícil, muito injusto, mas com certeza as pessoas do bem irão sempre reconhecer todo o nosso esforço e empenho em entregar um lugar seguro e agradável”, continua.
Por meio de nota, o Carrefour disse que “esta mensagem não consta em qualquer canal oficial da empresa”, e afirmou que “em nenhum momento as opiniões expressadas na mensagem refletem o posicionamento ou os valores do Carrefour”.
O Carrefour disse ainda que “entende que as manifestações que estão ocorrendo são legítimas e está aberto a criar um canal de diálogo com a sociedade, buscando soluções para que possa evoluir enquanto empresa e evitar que casos de violência e intolerância voltem a se repetir”.