Originalmente publicado em FACEBOOK
Por Leandro Minozzo
Acompanho a Manu há bastante tempo e ela tem se posicionado de maneira direta na defesa dos mais necessitados. Sempre defendeu o SUS, o direito das mães e dos jovens. Além disso, é contra a PEC da Morte, uma posição que diferencia visões de mundo de candidatos. Ela foi vereadora, deputada federal e estadual. Tem Mestrado em política na UFRGS e é extremamente inteligente. E como vice tem o Miguel Rosseto, que foi nada mais nada menos que vice-governador do RS e ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. Falta de experiência, como pregam opositores, não fecha com o currículo da dupla. Aliás, pode ser mais uma das estratégias ad hominem, de desqualificar o adversários no campo dos rótulos e preconceitos, evitando o mais importante: o debate de ideias.
Manuela, de maneira corajosa, disputou a vice-presidência numa das campanhas mais humilhantes, covardes e violentas que tivemos, quando foi vítima de fake news organizadas por máfias que servem a interesses mesquinhos e são anti-povo. Sua vida pessoal, sua fé e seu corpo foram motivos de ataques violentos – o que infelizmente está se repetindo nas últimas semanas e por opositores que se dizem cristãos e do bem. O fato de não ir pelos caminhos mais fáceis também é ponto forte da Manu. Não a vejo como política com medo ou, então, “carreirista”, pois ela poderia estar bem confortável como deputada estadual ou federal eleita e numa posição de expectadora e comentarista dos cenários cotidianos via redes sociais. Mas, não: ela lidera uma campanha muito bem construída para devolver esperança a Porto Alegre.
Reli ontem as propostas para educação, saúde e assistência social. Comparei com as da outra chapa. Há uma diferença muito grande de visões de cidade e de sociedade. Sugiro a leitura para quem está em dúvidas. Sei que as propostas da Manuela foram debatidas e elaboradas por muita gente e são realmente executáveis e necessárias. A maioria delas recoloca as pessoas como centro das políticas públicas. São caminhos pautados na democracia e que parecem devolver a Porto Alegre a capacidade de ser uma cidade de sonhos, como da época do Orçamento Participativo e do Fórum Social Mundial.
E a pandemia? Seu enfrentamento é tema fundamental nesse momento. Ela afetou e afetará a todos, em especial os mais vulneráveis. Acredite, há muitas pessoas que voltaram à miséria nesses últimos meses. Pessoas que não acessam as redes sociais e se relacionam mais é com suas carências básicas, como a fome e a falta de oportunidades. Pessoas que estão dormindo em ruas, crianças sem aula e sem escolas e professores seguros, mães sem condições de colocar comida na mesa – isso existe e muito. Um prefeito ou prefeita precisa cuidar dessas pessoas. Sabe, outro ponto que não me deixa sossegado é um candidato a prefeito “lacrar”, como dizem os jovens, que não vai fechar o comércio ou tomar medidas de cuidado similares caso a pandemia piore. Veja bem, não é o desejo de ninguém, mas e se for necessário? O prefeito vai arriscar a vida das pessoas mesmo que professores de medicina, especialistas e as estatísticas apontem o fechamento temporário como necessário? Lembro que o governador Eduardo Leite foi massacrado quando criou as bandeiras. E se não as tivesse criado? Quantos teriam morrido sem necessidade? Eu jamais faria essa promessa de colocar a economia na frente das vidas. E os dados mostram que a economia melhora mais rápido quando justamente se prioriza as vidas! O prefeito de Milão teve que pedir perdão por agir como negacionista lá no começo do ano. Prefeitos de grandes cidades nos EUA e Europa agiram e agem contrariando a promessa de Sebastião Melo. Ainda sobre a pandemia, a questão da vacina também é importante. Com as crescentes dificuldades do Ministério da Saúde do Bolsoanro, cada prefeito precisará agir e conscientizar a população da sua cidade. Esse ponto ficou bastante claro nas declarações da Manuela: elas parecem mais alinhadas com minha forma de pensar o enfrentamento da pandemia, com ênfase em testar e estimular a vacinação.
São tempos muito difíceis, que demandam novas formas de fazer política: soluções ao invés do antipetismo, escuta ao invés de intolerância, inovação no lugar da repetição do mesmo. Não que se identifique no Sebastião Melo um político de extrema-direita ou alinhado 100% ao bolsonarismo, mas em suas propostas falta essa capacidade de mobilizar e acolher os novos sonhos. Falta ao candidato também ser solidário à Manuela nessa nova onda de ataque de fakenews. Ele sabe que as mentiras e essa violência o beneficiam, deveria pedir que cessem ou pelo menos mencionar que elas existem.
Nos últimos anos todos fomos contaminados por discursos de ódio e de medo através de telas de celulares. Esses discursos, porém, não nos trouxeram uma vida melhor. E esse ódio plantado e os absurdos diários roubam aos poucos algo fundamental: nossa capacidade de imaginar um futuro com cores mais vivas e com alegria, um futuro de construções. Os jovens de Porto Alegre captaram na candidatura da Manuela a esperança na mudança. No imaginário dos jovens há uma nova forma de viver em sociedade, com tolerância e mudança. Odres novos para vinhos novos é passagem bíblica que fala sobre a necessidade de acolher as novas demandas, de ser flexível, de refletir e ter empatia continuamente. Não há o desaparecimento do velho, mas o sagrado do acolhimento e da mudança, lições de Cristo.
Duas perguntas finais: por que os jovens enxergam na Manuela a possibilidade para uma cidade melhor? E por que não lhes dar essa chance?
Leandro Minozzo: Professor universitário, mestre em Educação e escritor