Comparado a Pelé, Maradona se ajoelhou e beijou o pé esquerdo de Rivelino

Atualizado em 25 de novembro de 2020 às 21:21
Dieguito e Riva: dois canhotos monumentais Imagem: Divulgação

Na maior parte das vezes comparado a Pelé, era outro camisa 10 que fazia a cabeça de Diego Armando Maradona: Roberto Rivelino, que brilhou com as camisas de Corinthians, Fluminense e seleção brasileira.

Conhecido como ‘patada atômica’ e pelo inconfundível elástico, um drible desconcertante com a canhota, Rivelino foi ídolo de infância do craque argentino.

O encantamento nasceu na Copa do Mundo de 1970, mundial que a Argentina não participou por ter sido eliminada pelo Peru nas Eliminatórias em plena Bombonera.

Com a azul e branca fora da competição, coube aos hermanos prestarem atenção nas campanhas de Uruguai e Brasil.

Diego tinha nove anos naquela Copa, mas, ao contrário dos brasileiros, não assistiu ao vivo – o primeiro Mundial transmitido pela TV argentina foi o de 1974.

Sua paixão por Rivelino era tanta que ele dedica sua autobiografia ”Yo Soy El Diego De La Gente” ao craque brasileiro.

”Foi um dos maiores de todos os tempos, e quando eu digo isso as pessoas ficam surpresas. Não sei o porquê. Era a elegância e a rebeldia em pessoa para entrar em um campo de futebol. As coisas que me contam de Rivelino (tratado como ”Rivelinho” todo o tempo) são incríveis. Ele também se rebelava contra os poderosos”, escreveu Maradona.

”Me apaixonei pelo jogador e me seduzi pela pessoa quando o conheci. Na Copa de 1970, o Brasil nem treinava porque aquele time não precisava de nada para jogar. Rivelino estava com Gerson, quando apareceu Pelé. E Rivelino, que sempre tinha resposta para tudo, disparou: ‘Você, Pelé, bem que gostaria de ser canhoto como a gente, não?”’

Diego esteve com Rivelino em algumas ocasiões – uma delas em 1993, quando disputou um amistoso pelo Sevilla contra o São Paulo no Morumbi, e em 2000, também no Morumbi, quando comentou a final da Libertadores para o canal PSN e Riva fazia o mesmo para a TV Bandeirantes.

Grande amigo do craque argentino, com quem formou dupla de ataque no Napoli, Careca conta que presenciou Maradona se ajoelhar e beijar o pé esquerdo de Riva em um encontro entre os três.

O brasileiro sempre soube retribuir tanto carinho: quando Diego esteve entre a vida e a morte em decorrência do vício na cocaína, Riva escreveu cartas desejando força ao lendário jaqueta 10.

Nesta quarta, 25, dia da morte do amigo aos 60 anos, Riva escreveu no Instagram:

“Perdemos um dos maiores jogadores do mundo.e uma pessoal especial na minha vida. Vai com Deus”.