A virada de João Campos no Recife, com dois pontos à frente de Marília Arraes segundo o Ibope, revela que a campanha sórdida conduzida pelo PSB, com reforço de Ciro Gomes e de parte do PCdoB, deu resultado.
Marília estava com 45 pontos na última pesquisa e caiu para 41. João Campos tinha 49 e foi para 43. A pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais. Portanto, o resultado deve ser visto com cautela.
Porém, a considerar que os números estejam corretos, a pesquisa significa que o jogo sujo nas campanhas ainda é uma arma eficiente, normalmente usada por candidatos da direita.
A campanha de João Campos investiu no eleitorado evangélico, com distribuição de panfletos que associavam Marília Arraes à legalização de drogas, aborto e ideologia de gênero (que não existe, mas é um fetiche entre os evangélicos).
O panfleto também diz que o PT persegue igrejas, o que não é verdade, como os próprios evangélicos sabem, pois nenhuma administração do partido, seja municipal, estadual ou federal, tomou qualquer iniciativa contra a liberdade religiosa.
Os números do Ibope no Recife são um alerta para que as lideranças do PT participem ativamente da campanha. Lula é fator decisivo no Recife, e é preciso que se considere a possibilidade de ele ir à cidade, devidamente protegido, claro.
Para quem está de longe, a impressão que se tem é a de que ela está sozinha, sem apoio de peso de lideranças, e isso é inaceitável para um partido que pretende começar a reocupar espaço nestas eleições municipais.
João Campos está tendo apoio ostensivo de lideranças que se apresentam como alternativa ao PT e ao lulismo, como Ciro Gomes e Flávio Dino.
Desenha-se no Recife um cenário que pode se repetir em 2022, com um bloco que se apresenta como progressista formado pelo PSB e PDT – talvez com apoio do PCdoB – e outro formado pelo PT e PSOL.
O PDT é progressista até a página 2, bem atendido, já que, nestas eleições, além do PSB, seu aliado preferencial foi o DEM.
O resultado destas eleições fortalecerá essa divisão e estimulará outros movimentos que buscam atender ao que parece ser o sonho editorial do Grupo Globo: o enfraquecimento do PT e Lula.
Portanto, faltando quatro dias para a eleição, a campanha no Recife deve ser vista como prioridade para quem pretende retomar em 2022 o projeto de inclusão social interrompido com o movimento golpista a partir de 2015.
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PS: João Campos negou responsabilidade pelo panfleto difamatório, que o beneficia. Surpreendente seria se assumisse.