“O tema do impeachment voltará se a vacina não for assegurada e como direito de todos e um dever do estado brasileiro”. A afirmação foi feita pelo ex-ministro e presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, nesta terça-feira (8/12), no programa DCM Ao Meio Dia, ao analisar a forma como governo Bolsonaro está conduzindo as políticas nacionais de vacinação contra a Covid-19.
Para Mercadante, Bolsonaro está subestimando a pressão popular que virá em torno da vacinação. “O tema da vacina é um tema que diz respeito à vida das pessoas e o governo tem obrigação de coordenar, planejar e assegurar”, afirmou. De acordo com ele, a situação vai se agravar muito se não houver urgência na vacina, se não houver um cronograma e se as pessoas não virem que o Brasil está acompanhando as outras nações.
O ex-ministro embasou sua argumentação no fato de que a maioria dos países está iniciando o processo de vacinação contra a Covid-19 e avaliou que quanto mais os outros países avançarem no processo de vacinação, mais difícil ficará a situação de Bolsonaro, que até agora não apresentou um cronograma de vacinação. “Quando mais os outros países acelerarem a vacinação, mais difícil vai ser a situação do Bolsonaro e do governo, porque não planejou, porque ficou o tempo inteiro fazendo fake news, porque só ficou preocupado em liberar dinheiro a três dias da eleição, porque não tem um plano estratégico de vacinação da população e isso vai gerar uma pressão brutal”, assegurou.
“Por exemplo, ele só contratou vacinas para 10% da população junto à Organização Mundial da Saúde, ele fez um contrato muito baixo e agora eles estão correndo atrás para fazer alguma coisa improvisada, mas não é simples porque os outros países se anteciparam, contrataram, pagaram, foi produzido e vão receber e o Brasil não fez nada disso, não comprou e nem planejou sequer as injeções para aplicação.”, prosseguiu. Mercadante relembrou que enquanto os outros países avançavam no planejamento da vacinação, Bolsonaro brincava de inaugurar roupa, de fazer bobagem, os filhos de brigarem com a China.
Ortodoxia fiscal
Mercadante acredita que há um raciocínio e uma estratégia do governo Bolsonaro para não planejar o processo de vacinação no Brasil, que é a manutenção do teto de gastos. “A primeira providência é não votar o orçamento, nós vamos terminar 2020 sem ter um orçamento para 2021, o Congresso no máximo vai votar a LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Então, você não vai poder gastar, você não vai poder fazer investimento, você não pode fazer novos programas”, explicou.
“Por trás disso está o que? Conter as despesas de qualquer forma agora, já passou a eleição, o estelionato está feito, aí você precisa fazer de conta que não tem pandemia para não passar a ideia que toda essa política foi feita basicamente por conta da eleição e foi”, disse. O ex-ministro recordou que o governo Bolsonaro liberou R$ 56 bilhões para os municípios, fartas emendas deputados da base, e que cada senador da base recebeu R$ 30 milhões de emenda, ao mesmo tempo em que o governo Bolsonaro retirou dinheiro da saúde. “Eles querem fazer um corte na saúde de R$ 31 bilhões”.
Mercadante também argumentou que o governo Bolsonaro estimulou o movimento anti-vacina. “A obrigação é do estado garantir, é do governo dele garantir a vacina, essa é a obrigação que o país exige. Então, acredito que isso vai virar um tema social muito relevante e politicamente muito relevante”, finalizou.