Parece que a moda pegou: depois que Sergio Moro resolveu se fazer de doido e criticar o governo Bolsonaro como se nunca o tivesse apoiado ou sido seu Ministro, foi a vez de Juliana Paes tirar o corpo fora.
A atriz protagonizou hoje um chilique nas redes sociais – que levou seu nome aos trending topics do Twitter – depois de ser chamada de bolsominion.
“Eu, bolsominion? Ser sensata e desejar que as pessoas parem de brigar não significa ser bolsominion. Parem de encher meu saco e feliz 2021”, escreveu no Twitter em resposta aos seguidores que lembraram de seu apoio declarado a Bolsonaro em 2019.
(Olha, fada sensata, os brasileiros até gostariam de ter um feliz 2021, mas em um país desgovernado, sem presidente, sem vacina e com o desemprego em alta, fica meio difícil).
Na época, ela afirmou ao jornal O Globo que torcia para que o Brasil desse certo, mesmo não concordando com todas as opiniões do então novo presidente.
“Torço para que o país dê certo, independentemente de quem esteja em Brasília. Não bato palma para tudo que o presidente Jair Bolsonaro diz, mas vamos apoiar já que ele está lá. Não vou boicotar. Essa polarização é boba.”
Primeiro, essa história de “torcer” por um governo evidencia uma ignorância política de doer os olhos. Política não é partida de futebol ou final de reality show. Não adianta torcer: é preciso se posicionar e, sobretudo, não apoiar candidatos fascistas.
Segundo, torcer para que o país dê certo com Bolsonaro na presidência é meio que pedir pra se frustrar: nada dá certo com Bolsonaro – até quando ele faz um gol, dá com a cara no chão (obrigada, 2020, por essa cena).
Terceiro, o discurso de que “essa polarização é boba” foi (e, para alguns, ainda é) um escape muito usado por aqueles que não queriam se comprometer, como se artistas – ou aqueles que assim desejam vender-se – tivessem o direito de não se posicionar.
O que os bolsominions como a dona Juliana chamam de “polarização”, a gente chama de luta contra a barbárie. Se um lado defende o fascismo, o negacionismo, a ignorância, a necropolítica, não há alternativa sã a não ser opôr-se. Polarizar. E isso é tudo, menos “bobo”.
E quarto – porque quando o absurdo é muito gritante, os argumentos precisam vir enumerados – dizer “vamos apoiar já que ele está lá” torna Juliana Paes uma bolsominion, sim, e da pior espécie: aquela que não honra as calças que veste e tem a cara de pau de negar que apoiou o quadrúpede fascista agora que a coisa ficou feia (sim, Moro fez escola).
Não existe mea-culpa: todo aquele que não reconheceu a tempo o golpe de 2016 e que não lutou com todas as armas contra a ascensão do bolsonarismo tem agora sangue nas mãos. Nem mesmo os que se disseram “neutros” escapam dessa culpa – menos ainda quem resolveu apoiar “já que ele está lá.”
Tudo bem se arrepender de apoiar Bolsonaro: Juliana não é a primeira e não será a última. Mas fingir que nunca aconteceu e se irritar quando te lembram do seu passado sujo já é demais, amiga.
Como diria minha avó: assume teus B.O.