Originalmente publicado em TIJOLAÇO
Por Fernando Brito
O plano era outro: receber, no início de janeiro, toneladas do Ingrediente Farmacêutico Ativo, o IFA, e envasar no Brasil a “vacina de Oxford”, produzida pela farmacêutica AstraZêneca, para ter alguns milhões de doses prontas em meados de fevereiro.
Agora, a Fiocruz solicitou e a Anvisa aprovou a importação de até 2 milhões de doses deste imunizante, mas prontas e importadas sob o nome de Covidshield do Serum Institute, indiano, onde a vacina foi aprovada hoje pelas autoridades sanitárias.
Não há, é claro, nada de errado em ter uma “antecipação” de vacinas prontas, até que a produção local possa ser implantada, mas não eram estes os planos e nem era isso o previsto no contrato assinado pela Fiocruz com a AstraZêneca.
Também não era isso que a Fiocruz anunciava pretender ao longo da semana passada, quando dizia que teria, a partir de 8 de fevereiro, milhões de vacinas ao menos envasadas aqui para fornecer ao Ministério da Saúde.
Também era previsto que o pedido de licença definitiva ser apresentado até 15 de janeiro, mas a prioridade passou a ser uma licença emergencial, a ser pedida dentro de poucos dias.
É claro que é importante começar a vacinar o quanto antes, mas se esta possível entrega de pequena quantidade de doses for uma “compensação” para a colocação de dezenas de milhões de imunizantes , como precisa o Brasil, para que se trave uma “corrida da vacina” com a Coronavac do Butantan, estaremos diante de uma monstruosidade.
Dois milhões de doses não chegam a imunizar nem mesmo o pessoal médico-hospitalar brasileiro, talvez, 20 a 30% apenas.