“Covid, entre os estados com melhores números estão os socialistas”, disse nesta quinta-feira Fábio Marcelli, jurista internacionalista, em seu blog no jornal italiano Il Fatto Quotidiano.
O Brasil é citado logo de início no grupo dos piores índices, o que o jurista associa ao fato de ser um país dominado pelo dogma neoliberal.
“Se adotarmos esse índice objetivo, consultando os tristes gráficos de mortos e infectados, dois países saltam aos olhos de modo muito evidente, detendo um trágico recorde”.
“Um é muito rico e potente”, diz em referência aos Estados Unidos. “O outro menos, ainda que dotado de enormes recursos”, afirma em relação ao Brasil.
“Uma característica que lhes é comum é o de serem guiados por líderes (um deles de saída, o que não se sabe quando será em relação ao outro) de um extremo negacionismo e subestimação do perigo mortal representado pelo vírus e uma absoluta dedicação ao dogma neoliberal. Refiro-me obviamente aos Estados Unidos e o Brasil”.
“Isso é particularmente evidente no caso de Bolsonaro. Tanto que a Corte Penal Internacional, organismo do qual o Brasil é signatário, diferentemente dos Estados Unidos, foi provocada a investigar se o presidente Bolsonaro cometeu crime contra a humanidade precisamente durante a pandemia”, afirma.
“Um outro país que vai muito mal é a Índia, cujo governo é também caracterizado por um neoliberalismo desenfreado”, observa.
“Ao contrário, dentre os países que registram menor número de vítimas, seja em número absoluto ou proporcionalmente à população, encontramos diferentes países, dentre eles caracterizados pela existência de um sistema socialista”, compara.
“Refiro-me em particular à República Popular da China, Cuba, Vietnã, mas também a Venezuela, e um país pequeno e pobre, mas bem organizado e solidário, a Nicarágua, que bem caracterizou uma correspondente do jornal The Guardian, insuspeito de simpatia por Daniel Ortega (presidente nicaraguense). Também a Venezuela se sai muito melhor do que outros países da região latino-americana”, analisa.
O jurista se baseia num relatório da britânica Royal Society of Medicine, intitulado “Cuba dá lição na epidemia ao Reino Unido”.
“A existência de um sistema sanitário voltado às necessidades da população e não aos índices de lucratividade das empresas hospitalares, espírito de disciplina e solidariedade social e não uma luta de todos contra todos, papel determinante do Estado e dos investimentos e dos aparelhos públicos”, são os principais fatores atribuídos pelo jurista italiano aos resultados dos países que classifica como socialistas.
“Cabe observar que esses resultados foram obtidos independentemente da vacina, que, no entanto, terá um papel importante também nesses contextos”, pondera.