Bia Kicis na CCJ é uma declaração de guerra à democracia. Por Fernando Brito

Atualizado em 3 de fevereiro de 2021 às 11:10
Bia Kicis (Divulgação/Agência Câmara)

Publicado originalmente no Tijolaço:

Por Fernando Brito

Ao escolher – ou acatar mansamente a escolha do PSL, no mínimo – a deputada Bia Kicis como presidente da Comissão de Constituição e Justiça, primeiro e maior filtro de qualquer iniciativa legislativa, inclusive e sobretudo das emendas à Constituição, o novo presidente da Câmara deu um pontapé em todas as esperanças de que, no cargo, a Casa vá ter qualquer tipo de equilíbrio, moderação ou, até mesmo, pudor.

Aliás, pudor já ficou claro que Artur Lira não terá, como fez questão de mostrar, logo após a sua eleição, fazendo, sem sentar na cadeira, um discurso de entendimento e, logo ao sentar, praticando uma afronta brutal aos derrotados, com a exclusão de todos eles da Mesa Diretora, e logo depois, com a festa do Coronacâmara, com o vírus correndo solto, como solta fazia o papel de crooner a notória Cristiane Brasil.

De volta a Kicis, porém. Alguém já parou para pensar, grosseira como é, o que fará esta mulher como presidente da comissão mais importante da Casa?

Ou como será a ação de quem combate a vacina, critica o uso de máscara, defende o “liberou geral” em pleno morticínio da pandemia?

E como desempenhará o papel de ser, na instância parlamentar, a guardiã da Constituição, se foi arroz de festa em todas as manifestações em favor do AI-5, da intervenção militar com o fechamento do STF e cassação de seus ministros, amiga e correligionária da “bombardeira” Sara Winter?

A sua relação com o Supremo, aliás, será a atual, a de investigada por participação em fake news e em ataques a rojão ao seu prédio?

Ora, qualquer estagiário em política poderia perceber que um presidente da Câmara que, para dizer o mínimo, se verga a uma indicação bolsonarista com estas característica quer qual quer coisa, menos harmonia em seu poder e harmonia entre os poderes.

É declaração de guerra.