“Meu filho não pode ter morrido em vão”, diz pai de menino de 4 anos morto em imóvel de luxo

Atualizado em 18 de março de 2021 às 9:06

Publicado no Pragmatismo Político

O menino Henry Borel, a mãe e o padrasto

A morte de um menino de quatro anos no dia 8 de março em um imóvel de luxo no Rio de Janeiro é cheia de perguntas sem respostas. Henry Borel morreu na Barra da Tijuca, na casa do vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), padrasto da criança.

O engenheiro Leniel Borel de Almeida Jr., pai da criança, afirma que chora todos os dias e luta por uma investigação imparcial. “Eu espero que a polícia seja imparcial, investigue o caso. Que nos digam o que realmente aconteceu naquela madrugada”, desabafa o homem.

“Eu choro. Acordo de manhã chorando. Tem que ter muita força, cara. E o que eu sei é que esse menino não pode ter morrido em vão. O menino era perfeito. Então, por que que o Henry morreu?”, questiona Leniel.

Às 19h30 de 7 de março, o pai deixou o menino sob os cuidados da mãe, Monique Medeiros da Costa Almeida, e do padrasto, o vereador Dr. Jairinho. Às 4h30 da madrugada de 8 de março o pequeno Henry estava morto no Hospital Barra D’Or.

O médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade)

Segundo Leniel, a ex-mulher e o parlamentar contaram a ele que ouviram um barulho de madrugada e encontraram o menino desacordado em casa e sem respirar. O casal teria tentado socorrer a criança para o hospital, mas o menino não resistiu. A versão apresentada não convence o pai.

“O que aconteceu nesse período que deixei meu filho com minha ex-esposa e com o padrasto? Entreguei o menino perfeito”, lembra o pai, emocionado. “No hospital, perguntaram ao Dr. Jairinho, que é médico, se ele fez algum procedimento inicial para salvar o meu filho, mas ele não disse nada”, conta Leniel.

O laudo médico revelou que a criança já deu entrada no hospital sem vida e apresentava lesões gravíssimas por todo o corpo. O documento aponta:

♦ múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores;
♦ infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça;
♦ edemas no encéfalo;
♦ grande quantidade de sangue no abdome;
♦ contusão no rim à direita;
♦ trauma com contusão pulmonar;
♦ laceração hepática (no fígado);
♦ e hemorragia retroperitoneal.

Pelo exame do IML, peritos afirmam que Henry morreu por uma ação violenta e descartam a hipótese de acidente involuntário, como sugerem a mãe e o padrasto.

“A necropsia mostra lesão no crânio, no estômago, no fígado, nos rins e várias equimoses, populares manchas roxas. É evidente, com as experiências que temos, que se trata de uma morte violenta”, afirma o perito legista Carlos Durão.

“Lesões graves assim só são observadas em acidentes de trânsito, onde há muito mais energia. Isso seria impossível em uma queda de cama, por exemplo, por mais alta que a cama fosse. Analisando o laudo, podemos afirmar que a criança foi agredida fortemente”, complementa.

12 horas de depoimento

Monique Medeiros da Costa Almeida e o vereador Dr. Jairinho falaram durante 12 horas nesta quarta-feira (17) na 16ª Delegacia da Barra da Tijuyca. Eles chegaram acompanhados por advogados e não responderam aos questionamentos da imprensa.

Leniel afirma que, desde a morte do filho, não consegue mais entrar em contato com Dr. Jairinho. “Depois do processo lá no hospital, que ele foi embora e até o enterro do meu filho, ele [Dr. Jairinho] botou uma assessora. Eu só falei com a assessora, não falei com o Jairinho”.

“Meu filho era um menino ativo, inteligente, amigo, companheiro, muito divertido, gostava de brincar, brincar com as pessoas. O que poderia acontecer com uma criança dormindo para ter sido um acidente doméstico? Ele era tudo pra mim. Eu daria tudo o que eu tenho hoje por mais um dia com meu filho. Só mais um dia”, lamenta o pai.