‘Não tolerem nem a opulência e nem a mendicância’

Atualizado em 27 de outubro de 2014 às 11:40
Rousseat
Rousseau

O papa só fala disso. Os homens de negócios reunidos em Davos nestes dias só falam nisso. O DCM, modéstia à parte, só fala nisso. Todo mundo só fala nisso: a calamitosa desigualdade social do mundo moderno.

Um relatório de uma ONG inglesa trouxe dados chocantes há poucos dias: 85 bilionários têm um patrimônio equivalente ao de metade da população mundial, 3,5 bilhões de pessoas.

E então me ocorre uma frase de Rousseau que diz tudo sobre este disparate.
“Querem dar consistência ao Estado? Aproximem os extremos. Não tolerem nem a opulência nem a mendicância”, escreveu ele em seu Contrato Social.

É uma pena, é uma enorme pena, que tão pouca gente tenha seguido um conselho tão sábio.

Rousseau fracassou. Ninguém o ouviu, exceto, talvez, os escandinavos. Não, não foi Rousseau quem fracassou. Foi o mundo.

O mundo fracassou.