Por Leandro Fortes
Essa disputa entre Jair Bolsonaro e João Doria pela paternidade da vacina brasileira contra a Covid-19 é uma briga entre dois usurpadores.
Doria, de novo, saiu na frente e anunciou, como feito dele, governador de São Paulo, uma vacina a ser produzida pelo Instituto Butantan, a Butanvac.
Para quem não sabe, mais de 90% dos recursos do Butantan vêm do Sistema Único de Saúde, o SUS. São recursos originários do orçamento da União que, se dependesse de figuras sórdidas como Bolsonaro e Dória, já teriam sido desviados para pagamentos de dívidas e negociatas de privatização.
Foi a pandemia que transformou esses vendilhões em defensores do SUS.
Mas como nada passa batido no governo federal sem um vexame, Bolsonaro fez o astronauta Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia e Inovação, chamar uma coletiva de emergência para anunciar que o governo também tem uma vacina com protocolo com data de ONTEM, na Anvisa, portanto, anterior à da vacina do Butantan.
Ele só não soube dizer o nome da vacina.
E, claro, como Doria, omitiu a informação de que não existe vacina do governo, nem do MCT. Toda vacina é do SUS.
Pontes é ex-oficial da FAB, um homem que custou 10 milhões de DÓLARES aos cofres públicos para ir ao espaço de carona numa nave russa. Quando voltou, não se preocupou minimamente em retribuir ao País esse investimento. Abandonou a farda para se dedicar a programas de auditório, virou coach de empreendedorismo e notabilizou-se como garoto propaganda de falsos travesseiros da NASA.
Nomeado ministro de Bolsonaro, arranjou, agora, uma nova função: a de chefe de gincana.
Na qual, aliás, como de costume, fracassou.