Originalmente publicado em CLUBE MILITAR
Por Gen Ex Sergio Etchegoyen
Mais uma vez o STF sacode o Brasil com decisões que aprofundam a insegurança jurídica, criam vácuos legais que nenhum daqueles magistrados vai resolver, desestabilizam o universo político e obrigam o país a retroceder muitos passos no penoso esforço pela moralidade.
Uma canetada monocrática balança a Operação Lava-Jato, atropelando um júri singular e dois colegiados, e uma reação esperta, de saque rápido, piora ainda mais e enterra o único processo em toda a nossa história que levou poderosos ao xadrez.
É realmente desalentador, o Brasil foi literalmente assaltado no maior escândalo de corrupção de que se tem notícia no mundo, um vistoso e triste recorde: compraram partidos e parlamentares por um projeto de poder; conduziram a economia ao buraco da inflação e da maior recessão da nossa história; criaram 14 milhões de desempregados; reduziram a Petrobras a 10% do seu valor de mercado; dilapidaram os fundos de pensão; avançaram insaciáveis sobre os parcos contracheques dos idosos aposentados, sugando-os desavergonhadamente nos empréstimos consignados; encheram o país de programas caça níqueis, e muito mais.
Os valores gritam o quanto fomos miseravelmente roubados, já são 12 bilhões de reais recuperados! É preciso nunca esquecer estes valores. Cumpra-se toda a liturgia do devido processo, recorra-se quantas vezes for possível, mas esses números escancaram que tivemos uma tentativa de perpetuação no poder a partir do mais desavergonhado episódio de corrupção. Isso precisa ser fartamente divulgado para que nunca seja esquecido e para que os ingênuos um dia percebam o quanto foram usados.
Lembro as palavras de Eisenhower aos jornalistas que levou a Dachau assim que as tropas aliadas libertaram o macabro campo de concentração nazista: “fotografem e descrevam tudo o que veem neste inferno, pois não faltará no futuro quem negue tudo isso.” Ele foi profético, o futuro chegou pela loucura de homens como Ahmadinejah. Por aqui, não tiveram sequer o constrangimento de dar tempo ao tempo. Lula é vítima, o PT é perseguido pela sanha da direita fascista, a OAB, pelo seu presidente, defende alegre a quadrilha.
Ora, “nunca antes neste país” tivemos um caso de corrupção tão escancaradamente comprovado e, ao mesmo tempo, com seus autores tão despudoradamente defendidos.
Juízes e promotores erraram? Que sejam julgados. O negócio é garantismo, ok, garantismo neles (aliás é interessante ver como os países mencionados como exemplos de garantismo tratam a questão da segunda instância).
A desfaçatez está de volta com a benção do STF, e se apresenta mais uma vez como alternativa eleitoral, nosso povo não pode ser engambelado outra vez pelo canto de uma sereia que não hesitará em avançar no seu bolso. Se a Justiça é tão incerta, a sentença do tribunal das urnas não permite recurso e chicanas, ainda, e é lá que essa porção organicamente corrupta da esquerda deve ser enxotada definitivamente da política, até mesmo para salvar a própria esquerda, aquela da boa fé e da honestidade de propósitos, e ela existe sim e é necessária numa democracia saudável.
Não, a corrupção não foi uma miragem!