Circula hoje pela internet uma foto que é um embaraço – mais um numa longa série – para Joaquim Barbosa.
Nela, JB aparece confraternizando, nos Estados Unidos, com um homem que parece um a mais na multidão.
Mas não é.
Ao lado de JB está Antonio Mahfuz, que os amigos chamam de Toni ou Toninho. A foto foi postada por Mahfuz no seu Facebook, e nela ele sauda o “justiceiro” JB.
Não haveria problema nenhum não fosse Mahfuz a chamada chave de cadeia. Ele fugiu do Brasil, há quinze anos, e deixou atrás de si copiosos calotes. Uma contabilidade recente coloca Mahfuz como réu em 221 processos.
Foi exatamente para escapar da cadeia que ele se refugiou na Flórida, numa cidade chamada Hollywood, perto de Miami. Miami, sabemos, é onde JB comprou um apartamento em nome de uma empresa imaginária, para não pagar imposto.
Quando fugiu, a sentença de prisão de Mahfuz estava decretada, por conta do processo movido contra ele pelo seu principal credor, o banco Chase Manhattan.
Dono de uma rede de lojas nascida na região de Rio Preto, em São Paulo, e depois expandida para outras partes, Mahfuz deu em garantia para empréstimos bens.
Ele não honrou as dívidas, e o banco, quando o executou, simplesmente não encontrou os bens penhorados. Ele foi decretado pela justiça “depositário infiel”. Quando sua prisão foi pedida, ele foi para os Estados Unidos.
Deixou no Brasil as dívidas, e uma situação judicial extraordinariamente complicada.
Suas irmãs o estão processando sob a acusação de que ele falsificou a assinatura do pai numa procuração que lhe dava poderes para administrar os negócios do patriarca, Elias Mahfuz, um imigrante sírio que montou do nada um patrimônio respeitável no interior de São Paulo.
Um perito contratado por elas atestou que a assinatura no documento que investe Antonio Mahfuz não “partiu do punho” do pai. Um site da região conta com detalhes essa história.
Elas querem que todos os negócios realizados a partir da procuração sejam anulados. Seria a maneira de recuperaram a herança paterna que o irmão fez desaparecer.
É ao lado de Mahfuz, com esta folha corrida, que JB aparece na foto.
Tudo bem?
Não, evidentemente. Na hipótese mais benevolente, JB estava em algum lugar quando foi abordado por alguém que o reconheceu, e para quem ele é um herói.
Na pior, ele conhece Mahfuz, o que criaria um conflito ético profundo.
Num mundo menos imperfeito juízes não teriam amigos, porque isso pode afetar suas sentenças, mas vivemos num país em que Merval Pereira se abraça sem cerimônia com magistrados como Ayres Britto e Gilmar Mendes, com todas as partes aparentemente sem noção da gravidade dos abraços.
Seja qual for a origem da confraternização de Mahfuz e Joaquim Barbosa, está claro que JB deve uma satisfação aos brasileiros.