Publicado originalmente no blog do autor:
A Folha enviou duas jornalistas ao Rio Grande do Sul para uma reportagem destruidora da imagem do Estado, chocante mas verdadeira.
O RS é apresentado como um dos Estados mais bolsonaristas, no texto de Bruna Narcizo e Paula Soprana, que a Folha publicou neste sábado à noite na sua versão online (e está em uma página da edição imoressa).
Fica claro que se construiu aqui o núcleo da extrema direita brasileira nas elites sul do país. Não se trata de abordar o ultraconservadorismo gaúcho, mas o bolsonarismo mesmo.
O jornal destaca desde o início do texto que estão aqui os mais ferrenhos empresários defensores de Bolsonaro.
É uma reportagem constrangedora. Em 2018, informa o jornal, Bolsonaro venceu em 407 das 497 cidades do Estado.
E logo depois a Folha enfatiza que esse Estado bolsonarista “recentemente passou a amargar posição de destaque no ranking de crescimento da Covid-19 no país. Na quinta-feira (8), era o oitavo em número acumulado de óbitos por 100 mil habitantes”.
Leiam o que disse Gilberto Petry, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs):
“Na questão da vacina, não adianta ficar falando que tem que ter. Nem todos os laboratórios têm produto disponível. Até o Canadá se queixou disso. Muita gente fica dando palpite no que não sabe”.
E continua Petry:
“Os empresários sempre vão ser a favor de um presidente que entrou para combater a corrupção e acabar com aquilo que havia antes”.
O presidente da Fiergs acredita mesmo que Bolsonaro combate a corrupção. Os repórteres destacam que a Fiergs concentra o antipetismo dos empresariado gaúcho.
O que a Folha não diz é que a Fiergs já teve, nos anos 80, um presidente com as posições progressistas de Luiz Octavio Vieira. E que hoje a entidade tem uma força política equivalente à de uma federação de jogo de bocha.
A Folha enviou os repórteres para ouvir lideranças empresariais da indústria, da agricultura e do comércio e esculhambar mesmo com um Estado cada vez mais reacionário.
Vários dirigentes são entrevistados, todos bolsonaristas ou defensores das ideias e das posições do líder do fascismo. É um painel de adoradores de Bolsonaro.
As repórteres Bruna Narcizo e Paula Soprana apresentam o Rio Grande do Sul como o Texas brasileiro. Só faltou acharem aqui os representantes da ku Kux Klan.
(Não publico o link da reportagem, porque não costumo divulgar links de textos acessíveis apenas a assinantes, por causa da frustração que isso provoca. Este é o título da reportagem, para quem quiser pesquisar: Bolsonaro mantém prestígio entre empresários gaúchos)